O 13º salário chega junto com as dúvidas sobre como aplicá-lo

Um total de mais de 84,5 milhões de pessoas, entre trabalhadores formais, aposentados e pensionistas receberão, em média, R$ 2.320 referente ao pagamento do 13º Salário, conforme dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). O pagamento do tradicional abono de fim de ano deve injetar mais de R$ 211,2 bilhões na economia do País, até dezembro. O montante representa aproximadamente 3% do Produto Interno Bruto (PIB) do País. Junto com o recurso extra, vem as dúvidas sobre qual a melhor forma de investir o seu 13º. Afinal não dá para fazer tudo o que se precisa, mas segundo especialistas, com um bom planejamento, dá para se fazer muito mais do que se espera.

O agente autônomo de investimentos da Vertente Capital, Marcelo Estrela, explica que, antes de mais nada, é preciso estar bem consciente e delimitar seus objetivos financeiros neste fim de ano, para não começar 2019 no vermelho. Então planejar, antes de gastar, é a palavra de ordem. “Para usar adequadamente o seu 13º salário, primeiramente é importante saber se você usou adequadamente o seu 12º, 11º, 10º e assim por diante. Um acompanhamento frequente de receitas e despesas é, sem dúvida, crucial para se ter uma boa saúde financeira”, afirma o especialista. Para isso, sugere a ajuda de aplicativos e sites gratuitos, que são uma ótima forma para organizar as finanças e saber o quanto se tem ou não para gastar.

O agente financeiro diz que se ao longo do ano a pessoa não teve a devida disciplina com as finanças, a chegada do 13º é uma boa oportunidade para se colocar tudo em dia e começar 2019 com o devido planejamento. “Em primeiro lugar, é necessário quitar dívidas, começando pelas mais caras e que têm juros mais altos. Depois, sempre que puder, deve-se efetuar o pagamento à vista e pedir o desconto. Nada de comprar presentes de Natal pagando com parcelas a perder de vista, pois os presentes irão e as contas virão junto com outras, como IPTU, material escolar, IPVA, seguro e muito mais”, orienta. Segundo Estrela, com planejamento, em pouco tempo a pessoa, ao invés de pagar juros, estará recebendo juros.

O especialista diz que quando se fala sobre finanças é preciso ter um plano bem definido e estabelecer prioridades e metas e se possível colocar isso numa planilha ou mesmo num papel. Marcelo aponta que entre estas metas financeiras deve estar uma reserva destinada às inevitáveis despesas do início do ano, já citadas anteriormente.

Aplicações

“Depois de quitar as dívidas, o próximo passo é guardar uma reserva para emergências, reserva esta que pode ser investida em papéis como Tesouro Selic, que estão relacionadas ao consumo mensal, e Tesouro IPCA para investimentos de longo prazo. Essas são aplicações conservadoras e de baixíssimo risco e que não requerem grandes volumes de investimentos. A partir de R$ 30,00 já é possível trabalhar com esse tipo de investimento”, afirma Marcelo Estrela. Se neste fim de ano não for possível separar essa reserva, pondera o especialista, a sugestão é sanar as finanças e começar a poupar já em janeiro do ano que vem.

Para investidores que queiram avançar um pouco mais, além do Tesouro Direto, a busca por fundos de investimentos diversificados, respeitando o perfil de investidor de cada um, é o melhor caminho. “Os valores de aplicações iniciais são muito menores e os rendimentos muito maiores. É comum encontrarmos fundos conservadores com aplicações iniciais de R$ 500,00 rendendo mais do que fundos oferecidos por bancos com aplicações iniciais superiores a R$ 1.000.000. Em fundos com a carteira mais sofisticada, o desempenho obtido por gestoras de recursos independentes normalmente são maiores do que aqueles obtidos por gestoras ligadas a grandes bancos”, pondera.

Mudança de cultura

Marcelo Estrela observa que por muito tempo o costume de grande parcela da população brasileira era de gastar todo o 13º e esquecer de guardar um pouco para fazer aplicações. Mas ele acredita que essa realidade está mudando por vários fatores, como o aumento do empreendedorismo e a crise econômica, que forçou os brasileiros a aprenderem a preocupar mais e planejar melhor suas finanças. “Os brasileiros, de fato, não têm em geral uma boa educação financeira, mas a crise despertou as pessoas para isso. Com isso descobriram que podem poupar e aplicar suas reservas e gerar mais recursos. Além do mais, hoje é bem mais fácil investir. Você tem não só os grandes bancos, mas várias outras empresas que oferecem esse tipo de serviço, pela internet inclusive, sem a pessoa precisar sair de casa”, afirma.

Segundo ele, hoje, com mais de 20 anos de estabilidade econômica as pessoas já começam a falar com seus gerentes de bancos ou assessor de investimentos sobre Tesouro Selic e fundos de investimentos de renda fixa conservadores, aplicações que vão além da tradicional poupança e que preservam o poder de compra ao longo do tempo.