O isolamento social está chegando ao fim: o que aprenderemos com a pós-crise da Covid?

*Daniela Coelho
Quando a crise terminar, o mundo estará diferente. Pelo menos é essa a percepção de muitos especialistas. Hábitos de consumo podem mudar, novas formas de trabalho estão ganhando força e inovações estão surgindo.

Então, como as empresas devem retomar seus negócios diante de um novo cenário que ainda é incerto e desconhecido? Bem, é difícil ter todas as respostas. Mas há situações que já podem estar no radar das organizações para esta volta tão aguardada por todos.

Dentro das questões mais urgentes que viabilizem a continuidade dos negócios, é necessário levantar as demandas que ficaram represadas e não puderam ser executadas durante o período de crise. Buscar estabilizar níveis de estoque, cumprir questões contratuais e regularizar rotinas administrativas são alguns exemplos.

Mas, pensando em novas formas de se fazer negócio, essa crise está dando um grande empurrão para que empresas possam abraçar novas tendências.

Em tecnologia, no mundo pós-crise, focar em eficiência pode alavancar a retomada dos negócios. E a tecnologia terá um papel de destaque. A transformação digital, que já vem sendo disseminada desde antes do Coronavírus, pode acelerar novas formas das empresas executarem seus processos, por meio de automação, uso de impressoras 3D e IoT (internet das coisas), entre outras iniciativas de inovação.

No quesito força de trabalho, não podemos deixar de citar que o home office ganhou destaque neste período. Assim, políticas e protocolos sobre comunicação, proteção de dados, bem como saúde e segurança são desafios a serem monitorados para esta nova realidade. Uma outra questão diz respeito a reposição de mão de obra. Empresas que tiveram que realizar desligamentos durante a crise, vão precisar reestruturar sua força de trabalho. Neste sentido, soluções que tragam mão de obra temporária especializada pode atender rapidamente este momento.

Na cadeia de suprimentos, normalmente, eficiência é algo estratégico. No entanto, a adoção de técnicas de fabricação e entrega just-in-time (JIT), estoque enxutos e o uso crescente de offshoring, levaram as empresas a apertarem suas cadeias de suprimentos, trabalhando com menos fornecedores, reduzindo estoques com menor margem de segurança. O resultado é que quando uma grande crise impacta a cadeia de suprimentos, a interrupção é sentida de forma muito rápida e severa. Assim, empresas devem avaliar a possibilidade de flexibilizar suas cadeias, buscando fornecedores locais e criando cadeias de suprimentos alternativas que possam responder de forma ágil.

Com esses exemplos, a orientação é para não deixar de fazer a lição de casa quando voltarmos às condições normais, que é a realizar uma avaliação pós-crise. Antes que as memórias desapareçam, os planos e procedimentos da empresa para gerenciar situações de ruptura abrupta dos negócios — incluindo uma pandemia global — devem ser atualizados (ou desenvolvidos) usando os aprendizados desta crise. E, adicionalmente, os funcionários que tomaram a iniciativa de liderar devem ser destacados.

Faça a seguinte pergunta: quando a crise passar, o que teremos aprendido sobre como fazemos e lidamos com os negócios? A crise do Coronavírus Covid-19 está se apresentando como o grande teste de resiliência para empresas de todos os setores. Se antecipar aos cenários de possíveis crises futuras mostrará o quão bem as empresas lidam com os desafios nesse ambiente, trazendo efeitos em sua reputação e marca.

*Daniela Coelho é diretora associada de riscos e performance na ICTS Protiviti, empresa especializada em soluções para gestão de riscos, compliance, auditoria interna, investigação, proteção e privacidade de dados.