Advogada goiana presa pela Polícia Federal foi transferida para prisão domiciliar

Parte da droga apreendida na operação 'Cavalo Doido'
Parte da droga apreendida na operação da PF

Uma advogada presa em Goiás pela Polícia Federal durante a deflagração da Operação Cavalo Doido, para desmantelar uma quadrilha que agia no tráfico internacional de entorpecentes, na última sexta-feira (4), foi transferida esta semana para prisão domiciliar. A medida atendeu pedido feito pela Comissão de Direitos e Prerrogativas (CDP) da seccional goiana da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-GO).

Segundo Erlon Fernandes, presidente da CDP, após tomar ciência da prisão, a comissão, além de acompanhar o interrogatório dela, requereu a prisão dela em sala de Estado Maior. Todavia, diante de provocação da OAB-GO, a Superintendência Executiva de Administração Penitenciária, por meio do coordenador da 1ª Regional/URPM/SEAP, Leandro Ezequiel dos Santos, informou não haver sala de Estado Maior no Núcleo de Custódia para o sexo feminino. “Por este motivo, a CDP, em conjunto com os respectivos representantes legais, requereu a prisão domiciliar da advogada, sendo prontamente atendida pelo Juízo Federal”, afirmou.

Prisão

Conforme apontado pelo Ministério Público Federal, que atuou em conjunto com a Polícia Federal na Operação Cavalo Doido, a advogada foi presa suspeita de praticar corrupção ativa ao tentar facilitar a transferência de seu cliente, Ubirajara Rodrigues Vieira Júnior, apontado como líder do grupo. Ele estava preso no complexo prisional de Aparecida de Goiânia.

Conforme escutas feitas pela Polícia Federal, em um diálogo com seu cliente, a advogada teria viabilizado a transferência de Ubirajara da Triagem do Núcleo de Custódia para o Centro de Prisão Provisória (CPP), de lá foi transferido para a Casa do Albergado e posteriormente acabou livre. Áudios gravados entre Ubijara e a mulher dele, Vânia Farias, flagram o casal em uma tratativa sobre o esquema de drogas. As conversas, segundo o MPF, foram travadas na presença da defensora.

Operação Cavalo Doido

A Operação Cavalo Doido foi deflagrada em conjunto com a Polícia do Paraguai. A quadrilha agia no tráfico internacional de entorpecentes, distribuindo drogas produzidas no Paraguai para os estados de Goiás, Pará, Distrito Federal e Mato Grosso do Sul. Foram presas mais 25 pessoas. A suspeita é que o grupo tenha movimentado R$ 1 bilhão.

Segundo a PF, a operação cumpriu 81 mandados judiciais, sendo 21 mandados de prisão preventiva, 11 mandados de prisão temporária, 15 conduções coercitivas (quando alguém é levado para depor) e 34 mandados de busca e apreensão.

Os investigadores identificaram uma das rotas dos suspeitos, que entravam pela região fronteiriça de Pedro Juan Cabalero, vinda da cidade do Paraguai. No decorrer das investigações, foram apreendidas mais de 10 toneladas de drogas, armas de grosso calibre e carros de luxo.

A PF explica que o método “Cavalo Doido” diz respeito ao modo de transportar os entorpecentes. Os veículos utilizados tinham bancos e acessórios arrancados e todo o espaço era ocupado com grande quantidade de drogas, sem qualquer tipo de disfarce. Carregado, o carro seguia em grande velocidade, sem paradas e sem respeitar qualquer tipo de sinalização ou autoridades públicas. O objetivo era evitar perdas e chegar o mais rápido possível ao ponto onde o entorpecente seria vendido.