Piloto anapolino tem dados usados por golpista em estelionato e é processado na BA

A cada minuto, acontece uma tentativa de roubo de dados digitais no Brasil, segundo um mapeamento realizado pela plataforma de compra e venda online OLX e pela AllowMe, ferramenta de prevenção à fraude e proteção de identidades digitais. O programa Fantástico divulgou que, em 2021, mais de 1,2 milhão de pessoas tiveram seus dados pessoais usados indevidamente, tornando-se vítimas de golpes

Um piloto de avião, de 27 anos, que reside em Anápolis (GO), faz parte desta estatística. Ele não sabe ao certo onde os golpistas pegaram os seus dados, mas viu sua vida mudar completamente no último dia 04 de abril após a ação dos mesmos. Neste dia, ele teve todas as suas contas bancárias bloqueadas por uma ordem judicial.

Ao contatar os bancos, descobriu que a ordem judicial emitida pelo Tribunal de Justiça do Estado da Bahia (TJBA) determinava o bloqueio total de suas contas e o impedia de realizar qualquer tipo de movimentação financeira. O aviador descobriu, então, que era réu em um processo movido por uma mulher, de Juazeiro/BA.

Ela relatava ser vítima de estelionato por parte do piloto, após ter um curto relacionamento amoroso com ele em fevereiro de 2022, na Ilha do Rodeadouro/PE. Naquela ocasião, a mulher alegou ter emprestado seus cartões bancários pelo homem e, depois disso, teve seus dados clonados com vários empréstimos e todos os valores de suas contas extraídos sem sua autorização, totalizando um prejuízo superior a R$ 33 mil.

O problema é que ele não conhecia a pessoa, nunca havia visto a mulher pessoalmente ou em redes sociais, tão pouco teve qualquer tipo de relacionamento amoroso com a vítima e sequer recebeu alguma quantia em dinheiro da mesma.  “Estou vivendo um inferno. Sou trabalhador e honesto. Vivo da minha profissão e nunca tive envolvimento com nenhum crime. Não tenho dinheiro para nada. Está tudo bloqueado”.  Ele, que no momento do bloqueio só tinha R$ 30 em espécie no bolso, desde então, precisa pedir dinheiro à família para suas despesas pessoais mesmo tendo recursos para tal finalidade.

A suspeita do piloto é que os criminosos tenham extraído seus dados pessoais de alguma plataforma digital e, assim, com as informações em mãos, tenham conseguido falsificar seus documentos, se passado por ele neste eventual relacionamento e, após este momento, aplicado golpes.

Até agora as contas bancárias do piloto continuam bloqueadas pela ordem judicial vigente. A denúncia do fato aos órgãos competentes, assim como a contestação e os esclarecimentos sobre o crime de estelionato já foram protocolados na justiça.

“Nós já identificamos fragilidades na petição inicial, sendo uma das principais a conta bancária que a autora alega ser do piloto. Na verdade, ele nunca abriu uma conta neste banco e nós já notificamos o banco a se pronunciar a respeito disso”, explica o advogado João Victor Duarte Salgado, do escritório Celso Cândido de Souza Advogados.

O advogado alerta quanto à dificuldade de se proteger os dados diante do contexto atual da internet, que exige dados pessoais para cadastros em redes sociais, sites de compras, entre outros. “Os dados são mais sensíveis a vazamentos e fraudes porque um golpista pode usá-los para, por exemplo, abrir uma conta para cometer um crime”, diz.

Como se prevenir?

Em Goiás, a Polícia Civil (PC-GO) têm realizado campanhas e feito alertas importantes a população quanto a atuação de grupos de estelionatários, que tem se aperfeiçoado e recomenda alguns cuidados básicos: ao receber um link suspeito no celular ou e-mail pessoal não abra, exclua.

Configure os aplicativos do seu celular em duas etapas, não aceitem gratificações ou ajuda de desconhecidos em ambientes bancários, não realize nenhum pagamento sob ameaça, não forneça dados de contas e/ou cartão de crédito a desconhecidos ou a páginas de internet sem autenticação e desconfie de ligações realizadas para o seu número sem identificação.

Se chegar a ser vítima de algum golpe, a primeira medida que deve ser adotada é denunciar o caso à Polícia Civil de forma imediata. A denúncia pode ser realizada pelo telefone 197, ou de forma on-line, por meio da Delegacia Virtual.