Juristas lançam em Goiás manifesto contra impeachment de Dilma

Acontece nesta quarta-feira (6) o Ato de Lançamento do Manifesto de Juristas de Goiás em Defesa da Democracia. O evento será realizado às 19 horas, no Hall de entrada da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Goiás, na Praça Universitária, em Goiânia.

O manifesto já foi subscrito por mais de 300 juristas, entre advogados, magistrados, professores e bacharéis do Estado de Goiás. A lista de subscritores está disponível no site Petição Pública, através do link http://www.peticaopublica.com.br/pview.aspx?pi=goiascontraogolpe, por meio do qual também são permitidas novas adesões.

Leia a íntegra do manifesto:

MANIFESTO DE JURISTAS DO ESTADO DE GOIÁS EM DEFESA DA DEMOCRACIA:

Os juristas do Estado de Goiás, subscritores do presente manifesto, vêm externar à sociedade brasileira, especialmente à coletividade goiana, a sua grave preocupação com a crise que se desenrola no cenário sociopolítico brasileiro, provocada por extremismo intolerante, voltado à ingovernabilidade e derrocada do Governo da nação, legitimamente eleito pelo povo.

Não ignoram os subscritores que motivos escusos e subterfúgios são os verdadeiros móveis da corrente que se ergue como hidra implacável sobre a direção política do País, aliada e estimulada por uma mídia tendenciosa e poderosa e setores conservadores da sociedade, inconformados com a recente derrota que lhes impingiram as urnas. O desrespeito às normas vigentes destrói e deslegitima a democracia, além de atacar a soberania do voto de mais de 54 milhões de brasileiros.

Sem desconhecer os desacertos das administrações brasileiras, os juristas do Estado de Goiás entendem que não há motivação constitucional para a instauração do processo de impeachment da Presidente da República, de sorte que a providência tem caráter golpista, marginal aos ditames da lei e da vontade de expressiva camada da população brasileira.

A pretexto de prática de pedaladas fiscais, irregularidade administrativa observada em vários governos anteriores, de níveis federal e estadual, instauram os opositores um processo destituído de justa causa, visando, de forma sistemática, desestabilizar o governo e a coligação partidária que o sustenta, com o fito de empoderar-se da Presidência da República.

A lei estabelece de forma explicita o rol dos crimes de responsabilidade que podem sujeitar o Presidente da República ao impeachment e este deve ser motivado por fato devidamente comprovado. As tentativas de impedimento, por qualquer outro motivo, são inconstitucionais e constituem em atentado contra o Estado de Direito. Não foi praticado crime de responsabilidade pela Presidente. É inegável que há um golpe em curso no Brasil, com grave risco para nossa, ainda frágil, democracia.

Os juristas aqui representados defendem a continuidade das investigações das práticas políticas perversas e corruptas, para responsabilização e punição de todos os seus agentes, mas exigem que seja de forma ampla, geral e irrestrita, observando-se, outrossim, os preceitos e normas legais aplicáveis, à luz de nossa Constituição.

É fundamental garantir os direitos de liberdade de expressão, evitando toda forma de intolerância e violência e manter o debate político dentro dos limites da civilidade. Repudiamos quaisquer práticas de ordem sexista e machista contra a Presidente da República que incitam à violência de gênero contra as mulheres brasileiras.

Diante desse quadro conturbado, os juristas que esta subscrevem conclamam os democratas, especialmente os conterrâneos deste Estado, as instituições voltadas à afirmação da soberania popular, os três Poderes do Estado e, enfim, à sociedade em geral, a fazer frente ao golpe espúrio, condenando e repudiando as artimanhas misóginas, coercitivas e lesivas ao Estado Democrático de Direito, vigente ainda em nosso País!

Viva a Democracia e o Estado Democrático de Direito.