Goiana Laurita Vaz assume nesta quinta-feira a presidência do STJ

Ministra Laurita Vaz é natural de Anicuns
Ministra Laurita Vaz é natural de Anicuns

A goiana Laurita Vaz, de 67 anos, assume nesta quinta-feira (1º) a presidência do Superior Tribunal de Justiça (STJ). A solenidade, que ocorre às 17h30 no Pleno do tribunal, contará com a presença de autoridades dos três poderes da República, líderes políticos, representantes da comunidade jurídica, da sociedade civil e da imprensa. Humberto Martins será o vice-presidente.

Natural de Anincuns, Laurita Vaz comandará o tribunal nos próximos dois anos. Ela sucederá ao ministro Francisco Falcão, que esteve na presidência no biênio 2014-2016.

Especialista em Direito Penal e Direito Agrário pela Universidade Federal de Goiás, a ministra Laurita Vaz é a primeira mulher a ser eleita presidente do STJ. Ela, aliás, foi a primeira mulher oriunda do Ministério Público a integrar o STJ, em 2001.

A ministra garante que à frente do STJ vai priorizar a atividade-fim e contribuir para que o jurisdicionado tenha uma reposta mais rápida da Justiça. Além disso, Laurita Vaz disse não temer trabalho e que está preparada para assumir o cargo e fazer uma boa administração.

Confira entrevista que a ministra deu ao Tribunal de Justiça de Goiás na semana passada:

Como é ser a primeira mulher a assumir a Presidência do Superior Tribunal de Justiça?
O Superior Tribunal de Justiça é o maior tribunal superior do Brasil. Eu o considero uma cidade, principalmente com relação ao número de servidores. Então, é um Tribunal que tem a incumbência de zelar pela lei federal, dar cumprimento a ela. São 33 ministros. Mormente o momento que o País atravessa, é uma grande responsabilidade assumir a presidência daquela Corte, mas como tenho falado por toda esse País, eu como vice-presidente me preparei para assumir esse cargo e, com a ajuda de Deus, dos meus colegas e dos servidores acredito que vou fazer uma boa administração. É o que eu espero. Eu não tenho medo do trabalho, sou uma pessoa presente no Tribunal e vou unir forças para fazer uma boa administração e representar bem o meu Estado de Goiás, como sempre tenho procurado fazer.

Quais serão suas prioridades?
A minha prioridade é a atividade-fim, ou seja, aquela voltada para a jurisdição, para os processos. Então, minha prioridade vai ser esta e ela contribuirá para que o jurisdicionado, para que o cidadão tenha uma reposta mais rápida da Justiça. Eu fico extremamente contrariada quando há demora na prestação jurisdicional. Todos sabem que a Justiça tardia, já dizia Rui Barbosa, é uma Justiça incompleta. Esta vai ser a minha luta para que o cidadão, aquele mais carente, tenha acesso à Justiça.

A senhora hoje é um exemplo para estudantes de Direito, promotores, juízes. Como é chegar a um posto tão alto na carreira?
Como todos sabem a vida profissional das mulheres é de muita dificuldade. É preciso vencer muitas barreiras. Todos sabem que sou casada, tenho três filhos e comecei a atividade profissional aqui no Estado de Goiás, como membro do Ministério Público estadual. Como casei muito jovem, eu também tive filhos cedo, mas o que mais me ajudou em tudo isso foi o apoio, o amor incondicional da minha família, principalmente, do meu esposo, dos meus filhos mais velhos que praticamente cresceram junto comigo. Fui conseguindo conciliar a vida profissional com a doméstica. Todos sabem que a mulher é muito mais sacrificada que o homem porque nós mulheres não renunciamos a nossa condição de dona de casa, de mãe, de esposa e tudo isso dificulta ainda mais a atuação da mulher. Mas, eu vejo que nós mulheres somos guerreiras e vejo isso também na minha atividade como professora que sempre fui (deixou de ser há 2 anos) mas percebo que as mulheres deste País estão crescendo e estão preparadas. Observo também que, daqui a algum tempo, uma mulher assumir um cargo como este de Presidente não será nenhuma surpresa. Isto será uma rotina. Acredito e espero muito que isso aconteça.

Como a Justiça goiana é vista no cenário nacional?
Tenho o maior respeito, maior admiração pela Justiça do meu Estado, pelo MPGO e também não posso deixar de dizer que a própria classe de advocacia também é muito respeitada e tem crescido ultimamente em conhecimento, de forma aguerrida para o bom desempenho da Justiça como um todo.