Doze são indiciados pela morte de engenheiro suspeito de matar a enfermeira Deise

O Grupo de Investigação de Homicídios (GIH) da Polícia Civil Aparecida de Goiânia apresentou, nesta terça-feira (7), a conclusão do inquérito que apurou a morte do engenheiro agrônomo Antônio David dos Santos Filho, de 40 anos, assassinado no dia 9 de março, dentro de uma cela da Central de Triagem do Complexo Prisional, onde estava preso desde o dia 26 de janeiro, por envolvimento na morte da auxiliar de enfermagem Deise Faria Ferreira, de 41 anos.

Segundo o delegado Anderson Pimentel, titular da especializada, 12 pessoas foram indiciadas pelo crime. Os autores teriam participado das agressões que culminaram na morte do engenheiro, que foi encontrado na cela, com as mãos e pés amarrados e diversas lesões pelo corpo. Informações iniciais repassadas pelos servidores locais apontavam que os presos ficaram revoltados com o crime pelo qual ele era suspeito, que é o desaparecimento da auxiliar de enfermagem.

O resultado das investigações revelou que a morte de Antônio, que estava encarcerado na cela 4, ocorreu a mando de um suposto líder da área D do presídio, que era mantido na cela 3. “Ele encaminhou bilhetes aos líderes da cela ao lado para que incitassem os demais a torturarem e agredirem a vítima a fim de descobrir a motivação da morte da Deise e o paradeiro do corpo”, conta o delegado. Segundo Pimentel, os criminosos queriam proporcionar a Deise um enterro digno e, assim, tranquilizar os familiares.

Os 12 suspeitos do crime teriam utilizado lençóis para amarrar os punhos e tornozelos de Antônio e abafar os gritos da vítima. Em seguida, teriam iniciado a sessão de socos, chutes, pontapés e enforcamentos. “Como Antônio negava a autoria do assassinato e dizia não saber onde estava o corpo, os autores ficaram com raiva, o que acabou resultando em sua morte”, esclareceu o delegado. O inquérito será remetido ao Ministério Público de Goiás (MPGO) para que seja aberto o processo contra os autores.

Santo Daime
O engenheiro foi detido no dia 26 de janeiro de 2016, na cidade de Bombinhos, no Litoral Norte de Santa Catarina. Ele foi indiciado pelo homicídio de Deise Faria Ferreira e também por ocultação de cadáver, já que o corpo dela ainda não foi achado. Além dele, também foi preso por envolvimento no crime o líder do Instituto Céu do Patriarca e Matriarca em Goiânia, Cláudio Pereira Leite, responsável pelo ritual do Daime.

A auxiliar de enfermagem sumiu no dia 11 de julho de 2015, após ir até uma chácara, na capital, para participar de um ritual. A família dela só foi comunicada do desaparecimento quase 24 horas depois de ela ter sido vista pela última vez, quando Antônio, que também participava do ritual, foi devolver o carro da vítima na casa dela. Segundo a Polícia Civil, a mulher frequentava a seita Daime cerca de três meses antes do desaparecimento e teria bebido diversas vezes o chá da ayahuasca – usado nos rituais religiosos e conhecido por possuir efeitos alucinógenos.

Para a Polícia Civil, Antônio David, que estava com Deise na ocasião do desaparecimento, mentiu em seu depoimento. Áudios gravados pela família da vítima mostram divergências ente o que ele contou aos parentes e a versão dada em depoimento. Com isso, a investigação concluiu que Antônio David a matou e escondeu o corpo da vítima. O líder da seita, Cláudio Pereira, também foi indiciado porque teria combinado com as testemunhas as versões que elas deveriam dar à polícia.