“Violência contra as pessoas transexuais e travestis ainda é alarmante”, alerta representante da OAB

O Dia Nacional de Visibilidade Trans, celebrado no dia 29 de janeiro, teve comemoração antecipada nesta quinta-feira (28), em Goiânia, com a assinatura do protocolo de intenções para garantir o atendimento médico e multiprofissional aos transexuais, dentro do Sistema Único de Saúde (SUS). A solenidade foi realizada no Hospital Alberto Rassi (HGG) e contou com a presença de profissionais de saúde, autoridades e representantes do movimento LGBT. A vice-presidente da Comissão da Diversidade Sexual da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Chyntia Barcellos, esteve presente.

A advogada Cynthia Barcelos
A advogada Cynthia Barcelos

Para a advogada, iniciativas como esta são muito importantes para aliviar os preconceitos enfrentados e podem contribuir com a diminuição dos números ainda alarmantes de violência contra as pessoas transexuais e travestis. “Promover este novo programa de atendimento é um passo positivo no sentido de garantir a essas pessoas amplo acesso à cidadania e dignidade, que são direitos já constitucionalmente assegurados a elas, mas ainda não totalmente respeitados”, avalia.

O protocolo foi assinado pela superintendente de Políticas de Atenção à Saúde, Ivanilde Vieira, que representou o secretário de Estado de Saúde, Leonardo Vilela, e pelo diretor técnico do HGG, Rafael Nakamura. Os representantes de entidades defensoras da diversidade sexual assinaram o compromisso como testemunhas. A solenidade de assinatura marcou a abertura do workshop Processo Transexualizador, destinado aos profissionais de saúde e realizado no HGG, nesta quinta-feira (28).

Cremego

O presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego), Aldair Novato Silva, ginecologista que atuou no serviço do processo transexualizador no Hospital das Clínicas, declarou seu apoio ao programa que será implantado no HGG. “A cirurgia de mudança de sexo em si é a ponta do iceberg e a base é o atendimento ambulatorial, com a urologia, proctologia, endocrinologista, ginecologia e outras especialidades. Fico muito surpreso ao ver a quantidade de profissionais aqui no HGG que estão envolvidos neste projeto”, discursou ele, que destacou a participação “de peso” do chefe da Endocrinologia, Nelson Rassi, que prestigiou a solenidade.

“Este programa de atendimento levará as pessoas à libertação. Quantas noites mal dormidas, quantos choros calados tivemos?”, disse também emocionado o médico Aldair, que é considerado pelo movimento social o pai do projeto TX em Goiás. O envolvimento dos profissionais no HGG também foi citado pelo assistente social Lion Ferreira, transexual masculino. “Quando cheguei já fui muito bem recebido na entrada. Isso para nós é uma vitória, pois nós temos receios até de como vamos ser atendidos nas unidades de saúde. Um dos nossos principais desafios é ser chamado pelo nome social, aquele que a gente se reconhece.”

O workshop também contou com o depoimento da professora Ester Sales Matos, integrante do Coletivo Acadêmico TransAção, que destacou o atendimento não só para a cirurgia de mudança de sexo, mas de cirurgias específicas como a retirada dos seios e do ovário. O workshop, organizado pela Coordenação de Promoção da Equidade da Spais/SES, foi encerrado com um espaço aberto para a palavra dos presentes.  A gerente especial da Diversidade Sexual da Secretaria de Cidadania, Rafaela Damasceno, destacou que o programa pode aliviar um pouco do preconceito que enfrentam e informou números alarmantes. “Em Goiás foram mortos 7 travestis somente neste ano. No Brasil já foram 56 mortes”, revelou.