Endi Viana Lopes chega todos os dias às 9h40. Sempre arrumada e perfumada, a jovem de 21 anos, é responsável pelo processo de colocar alarme nos produtos de uma loja de departamento, dentro de um shopping de Goiânia. Ela executa esse trabalho há dois anos e ganhou a contratação depois de um curso de qualificação realizado pela Associação Pestalozzi de Goiânia em parceira com a Secretaria de Educação, Cultura e Esporte de Goiás (Seduce).
“Antes do curso eu não sabia nem lavar vasilhas. Hoje, sei fazer de tudo um pouco. Foi uma transformação na minha vida”, contou Endi, que é grata pelo trabalho. “O curso foi uma benção de Deus. Esse é meu segundo emprego e já me sinto reconhecida pelo meu bom desempenho”, completou. E foi justamente o desempenho pessoal, agregado à assiduidade e pontualidade, além da boa relação com os colegas, que permitiu a foto dela no mural dos funcionários do mês. “Fiquei muito feliz”, disse.
Apesar da timidez, Endi é sorridente e demonstra carinho pela gerente Mariana Fernandes, que assumiu a coordenação da loja há seis meses. “Mesmo com pouco tempo, nós já nos tornamos amigas. Tenho muito carinho por ela, que é uma das nossas melhores colaboradoras. Sou orgulhosa da Endi”, ressaltou. Endi é contratada pelo regime da Consolidação de Leis Trabalhistas (CLT), com todos os direitos garantidos e o salário é usado para gastos pessoais e com a família.
Pró-labor
Endi é uma das 190 pessoas com déficit intelectual, múltiplas deficiências ou síndromes que ingressaram no mercado de trabalho após fazerem um dos cursos oferecidos pela Pestalozzi – entidade filantrópica sem fins lucrativos – em convênio com Seduce. O projeto consiste em explorar, estimular e treinar o educando para que ele possa exercer uma função laboral remunerada de acordo com o perfil. Para isso são oferecidos na unidade Pró-labor, localizada na Praça da Bíblia, em Goiânia, os cursos de auxiliar de serviços administrativos, auxiliar de serviços gerais, auxiliar de marcenaria e auxiliar de vendas e almoxarifado, além de oficinas de artes.
“Muitos alunos com deficiência intelectual têm dificuldade em lidar com o conhecimento acadêmico, e por isso muitos desistem dos estudos no ensino médio. As ações da Pestalozzi vêm suprir essa lacuna porque ajudam essa pessoa a ingressar no mercado de trabalho”, disse o vice-presidente da associação, José Guedes Dantas.
Guedes ressaltou a atuação da Secretaria de Educação, Cultura e Esporte na inclusão desses alunos na rede básica de ensino. “Isso é um trabalho muito importante, pois permite que os alunos tenham perspectivas diferentes e vislumbrem um futuro profissional. Goiás saiu na frente com o processo de inclusão nas escolas estaduais, que começou no ano 2000. Isso foi muito rico para todas essas pessoas que foram beneficiadas. O Governo de Goiás entende a importância dessa inclusão que prova que não há limite para ninguém”.
Os cursos são gratuitos e direcionados para pessoas com idades entre 14 e 40 anos. As matrículas podem ser feitas em qualquer período do ano, na unidade da Praça da Bíblia, em Goiânia. Fonte: Noticias de Goiás
