Júri de acusados de atentado contra Walmir Cunha vai para o segundo dia

Walmir (ao centro) acompanhou todo o julgamento ao lado de representantes da OAB

Marília Costa e Silva

Depois de encerrar a fase de oitiva de testemunhas e do interrogatório dos dois réus, prossegue nesta sexta-feira (31), no Fórum Criminal, o julgamento dos irmãos Ovídio e Valdinho Rodrigues Chaveiro, acusados de tentativa de homicídio contra o advogado Walmir Oliveira da Cunha, em julho de 2016.  A sessão do júri popular deve ter início às 8 horas com a promotora de Justiça Renata Marinho fazendo a acusação durante sustentação oral que pode durar até 2h30.  Ela será assistida pelo advogado Thales José Jayme, indicado pela Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Goiás para acompanhar o caso. Depois, será a vez do advogado Maeterlin Camarço Lima apresentar, no mesmo tempo reservado ao MP, a defesa dos réus.  Poderá haver ainda réplica e tréplica. Portanto, o julgamento somente deverá ser encerrado e o veredicto dado pelo Conselho de Sentença, formado por cinco homens e duas mulheres, na tarde de hoje.

Ontem mais mais de dez testemunhas de acusação e defesa foram ouvidas pelo juiz   Lourival Machado da Costa, entre elas  o empresário Petrônio Reis, 33 anos, cliente de Walmir Cunha e parte em ação judicial na qual o advogado obteve sucesso, o que, segundo a denúncia do Ministério Público, teria contrariando interesses dos acusados, e conforme a investigação da polícia civil, teria motivado o atentado com a vítima. Um dos acusado, Valdinho Chaveiro, é avô materno da filha do empresário, que na ação em questão solicitava, inicialmente, a regulamentação de suas visitas à criança, porém, segundo Petrônio a família da mãe da menina ignorou uma decisão liminar favorável a ele e impedia que ele visse a filha. Diante da dificuldade, o pai decidiu recorrer judicialmente.

Em seu depoimento, que foi o mais longo do dia, Walmir Cunha lembrou que era para ser uma causa tranquila, mas que acabou tomando dimensões que ele não esperava. “Era uma ação simples, tanto que em 20 dias já tínhamos a liminar. Mas a família ignorou a decisão judicial e um ano e dois meses depois da regulamentação das visitas, meu cliente não havia conseguido ver ainda a filha”, relembra o causídico.

Promotora Renata Marinho

A ação em que Walmir atuou como advogado de Petrônio durou de janeiro de 2013 e foi encerrado em dezembro de 2014, e acabou evoluindo a reversão da guarda para o pai, diante da constatação, via perícia judicial, que a criança estava sofrendo de isolamento e alienação parental. Durante o curso da ação, Walmir contou que houve diversos episódios de inconformismo e intimidação por parte de Valdinho, Segundo o advogado, ele acompanhava todas as audiências. “seu comportamento chegou a intimidar advogadas da minha equipe e até a magistrada chegou a solicitar reforço policial em algumas situações”, contou.

O perfil ameaçador e violento de Valdinho foi confirmado por seu ex-gênro Petrônio. Ele assegurou em seu testemunho ao tribunal do júri que sofreu perseguições e acusações falsas pela família durante o processo. “Psicólogas que atuaram nas visitas assistidas também se intimidaram com insinuações de ameaças. Inclusive, várias desistiram do trabalho”, contou. “Ele é extremamente frio e a gente não sabia qual seria sua reação diante da situação”, completou.

Familiares

Familiares da vítima acompanharam o julgamento, entre elas o pai de Walmir Cunha, Walmir Alves da Cunha que ao acompanhar o depoimento do filho se emocionou bastante. “Esse episódio contra meu filho deixou dois sentimentos muitos profundos. Primeiro o de um sofrimento muito grande, durante os dias que o acompanhei no hospital, de ver meu filho sofrendo dores horríveis, vendo ele todo queimado e mutilado. Outro sentimento foi de surpresa pelo fato de os acusados serem ex-membros da Polícia Federal, na época um ainda estava na ativa e o outro aposentado, uma instituição pela qual o Brasil tem hoje o maior respeito. Eles [policiais federais] estão no coração dos brasileiros como pessoas de bem que cuidam de nossa vida”.

Maeterlin Camárcio alega inocência dos réus

Ouvido ontem pelo Rota Jurídica, Walmir Cunha assegurou que confia na Justiça. . “Tenho convicção de que os autores do atentado serão condenados pelo caso”, afirmou, acrescentando que não tem revolta e nem ódio dos réus mas “quer que sofram as punições previstas em lei”. Ovídio e Valdinho serão julgados por tentativa de homicídio triplamente qualificado com as qualificadoras de motivo torpe, crime cometido com emprego de explosivo e dissimulação.

Inocência

Já o advogado Maeterlin Camarço, que representa a defesa dos irmãos, negou todas as acusações. Ele afirmou que não há provas consistentes que incriminem seus clientes e que, caso haja condenação, o tribunal estará cometendo um erro. “A inocência dos acusados é evidente. É lamentável o que ocorreu com a vítima, mas o responsável por esse crime não está aqui no banco dos réus. Os irmãos Chaveiro são inocentes”, disse.