Acusados de matar Martha Cosac vão a júri nesta terça-feira

Martha Cosac e seu afilhado Henrique Talone foram assassinados em outubro de 1996
Martha Cozac e seu afilhado foram mortos em outubro de 1996.

Valéria Talone, mãe de Henrique Talone Pinheiro, assassinado junto com Martha Cozac, presta depoimento durante o julgamento dos acusados pelo crime. Ao ser ouvida, ela disse que sempre se questionou sobre o autor dos homicídios e que, pelo fato de terem vendado o garoto, que tinha 10 anos, a levou a crer que o criminoso é conhecido da família. Frederico, um dos acusados, é primo do menino. Valéria disse, ainda, que devido ao comportamento do hoje réu, ela desconfiou que ele estivesse envolvido.

Após o depoimento de Valéria, será a vez do pai do garoto, Alonso Talone, ser ouvido. Ele será a última testemunha de acusação a ser ouvida. Além dele, são mais seis testemunhas arroladas pela defesa. A expectativa é que os depoimentos durem pelo menos mais quatro horas. Posteriormente, os dois réus serão ouvidos.

Com o auditório lotado,  o julgamento de Alessandri da Rocha Almeida e Frederico da Rocha Talone, acusados dos assassinatos da empresária Martha Maria Cozac e do afilhado dela Henrique Talone Pinheiro, começou às 8h40 desta terça-feira. O julgamento é realizado no 1º Tribunal do Júri de Goiânia e é presidido pelo juiz Eduardo Pio Mascarenhas.

Ao contrário do que ocorre na maioria dos julgamentos de acusados de homicídio, a maior mobilização hoje no Tribunal do Júri é a favor dos réus. No auditório, por exemplo, muitas pessoas que acompanham o julgamento vestem camisetas com os dizeres: “são inocentes” .

A costureira Célia Silva, que trabalhava na confecção de Martha Cozac no dia do crime, diz, em depoimento, que, quando chegou para trabalhar, não viu sinais de arrombamento no local. Além disso, que não tem conhecimento de divergências entre Frederico da Rocha Talone (um dos acusados) e a vítima. Antes dela, prestou depoimento Simone Souza Silva, que trabalhava na confecção de Martha, já prestou depoimento. Foram arroladas 21 testemunhas, sendo que compareceram 18 e a defesa que ouvir todas.

camisetas
No auditório, muitas pessoas que acompanham o julgamento vestem camisetas com os dizeres: “são inocentes” .

Participam do julgamento cinco jurados homens e duas mulheres. A defesa do réu é feita pelos advogados Paulo Teles, Ricardo Naves e Thales Jaime. A acusação é composta pelos promotores Paulo Ferreira dos Santos, Giuliano da Silva Lima e Paulo Eduardo Prado.

O crime
O crime ocorreu em 7 de outubro de 1996 e, desde que os réus foram pronunciados, em março de 2010, esta é a quinta vez que é designada data para realização do julgamento – em outras oportunidades, recursos da defesa impediram a instalação da sessão do júri.

O último adiamento, em 15 de março passado, foi determinado pelo desembargador do Tribunal de Justiça de Goiás Luiz Cláudio Veiga Braga, que atendeu pedido da defesa que alegou que o juiz responsável pela condução do processo, Jesseir Coelho de Alcântara, não analisou solicitação para que fosse feito exame de DNA em sangue encontrado em cartão bancário da empresária. Conforme o advogado Paulo Teles, a analise comprovaria que o sangue, que já se sabe não ser das vítimas, também não é de nenhum dos acusados, o que poderia comprovar a inocência deles.

nádia cozac
Nadia Cozac, irmã da vítima diz que uma possível condenação irá fechar um ciclo de sofrimento da família.

Os assassinatos de Martha Cozac e Henrique Talone ocorreram na madrugada daquele dia, dentro de uma casa na Rua 132, no Setor Sul. De acordo com a denúncia do Ministério Público de Goiás (MP-GO), Frederico Talone havia sido contratado por Marta Cozac para trabalhar na confecção de sua propriedade. Era uma forma de retribuir o aluguel do imóvel – propriedade de Frederico Talone – que utilizava para morar e como sede de sua empresa.

Justiça
Nadia Cozac, irmã de Martha Cozac, diz que está tranquila, pois tem recebido apoio por onde passa. Ela declara estar confiante que será feita Justiça e que acredita na condenação dos acusados. Segundo ela, a possível condenação irá fechar um ciclo de sofrimento da família.

O crime
No dia do crime, Martha Cozac e Frederico Talone haviam acabado de chegar de uma viagem a Cristalina. A empresária, então, ligou para Frederico Talone e pediu que no dia seguinte ele levasse cheques de terceiros que havia recebido pela confecção e estavam na posse do rapaz. Contou também que o veículo de sua propriedade, um Fiat Uno, apresentou defeito na ignição depois de uma tentativa de furto.

De acordo com a denúncia do MP-GO, Frederico Talone e Alessandri da Rocha foram até a casa da empresária no mesmo dia. Chegaram ao local por volta das 23 horas, quando a empresária já se preparava para dormir. Martha Cozac abriu o portão do imóvel e acendeu as luzes, mandando os dois entrarem. Segundo o MP-GO, Frederico Talone, que à época era praticante de jiu-jitsu, e Alessandri da Rocha agrediram a mulher, aplicando-lhe golpes em regiões estratégicas. Ela ficou desfalecida e os dois aproveitaram para amarrar seus pés e mãos, a levaram para o quarto e desferiram uma facada no lado esquerdo do peito.

Henrique Talone, que à época tinha 11 anos de idade, estava no quarto e também foi amarrado, teve os olhos vendados e a boca amordaçada. O menino levou dois golpes de faca, que foi deixada cravada em seu corpo. Frederico Talone e Alessandri da Rocha, de acordo com a denúncia do MPGO, se apoderaram de cheques da empresária, dinheiro, cartões bancários e fugiram levando ainda o Fiat Uno avariado.

Ao proferir a decisão de pronúncia, em 23 de março de 2010, o juiz Jesseir Coelho de Alcântara explicou que a materialidade delitiva estava comprovada e, embora os acusados negassem a prática do crime, os indícios de autoria se extraem dos depoimentos prestados pelas testemunhas. Fonte: com informações do TJGO