Pré-campanha em tempos de pandemia

*Leonardo Bezerra Cunha

As eleições estaduais de 2021 para conselho e diretoria da OAB Goiás têm características extremamente particulares: a grande quantidade de pré-candidatos postulando ao cargo máximo do executivo, campanhas com mais de seis meses, ou seja, bem extensas e o número de aglomerações em tempos de pandemia.

São cinco pré-candidatos que necessitam “montar” suas chapas com, no mínimo, 100 integrantes. Colegas que irão compor conselho, executivo, conselho federal, comissões e até mesmo o Tribunal de Ética, ou seja, distribuição de cargos e funções para funções exercidas gratuitamente.

Algo que aguçou minha preocupação nas atuais pré-campanha refere-se à quantidade de festas, reuniões e aglomerações da advocacia goiana.  Em algumas reuniões publicadas nas redes sociais a organização preocupou-se com os distanciamento e regras mínimas de prevenção. Já em outras, parecia mais show pirotécnico de dupla sertaneja famosa. Nas redes sociais e jornais são constantes matérias publicadas em que vizinhos de “comitês” pré campanha reclamam de som alto e aglomeração. Total desrespeito à sociedade goiana.

Nós, da advocacia, devemos promover o respeito às normas, aos princípios e garantias gerais do direito. Neste atual momento, o direito à VIDA e o direito à SAÚDE são imprescindíveis. Promover eventos exuberantes, com colegas se abraçando, fotografias onde se aglomeram e se abraçam e participantes sem máscaras é ato extremamente desrespeitoso e egoísta. Cabe a nós promovermos o bem estar social e sermos exemplo de cidadania. No momento em que UTIs e enfermarias estão lotadas e somente 20% da população goiana foi totalmente vacinada, o uso extremo de eventos com mínimas condições de prevenção, além do risco, serve de mau exemplo à sociedade.

Ademais, deveríamos repensar e rever a ideia das campanhas caríssimas e extremo glamour.  A advocacia, na realidade, sofre com processos morosos, dificuldade de liberação de alvarás, a delonga de precatórios e clientes com dificuldade de pagamento dos honorários, questões que realmente importam ao invés da liturgia da gravata ou belos vestidos.

Seria interessante as organizações e empresas de marketing repensassem suas campanhas, tomando os cuidados necessários, com o mínimo de eventos e revendo a ideia de campanhas de altíssimo valor. As eleições devem ser pensadas pela qualidade propositiva com o propósito do avanço tanto da profissão quanto do judiciário.

Já perdemos vários e várias colegas da advocacia para esse maldito vírus e não pretendo que outros mais sejam vítimas simplesmente por causa de campanhas eleitorais glamorosas.

*Leonardo Bezerra Cunha é advogado em Goiânia, ex- conselheiro da OAB/GO