Soldado que atingiu criança durante perseguição no Setor Bueno é absolvido por um júri popular

O soldado Rafael Perillo Campos Leal foi absolvido pelo 1º Tribunal de Júri de Goiânia, presidido pelo juiz Eduardo Pio Mascarenhas, nesta quarta-feira (12). Ele era acusado de ser o autor do disparo que atingiu Guilherme Furtado Vieira, de 7 anos, no dia 31 de agosto de 2015, no Setor Bueno. Conforme a denúncia do Ministério Público, o soldado atirou na direção do veículo conduzido pelo pai da vítima, atingindo a cabeça do menino, que estava sentado no banco traseiro. O garoto permaneceu internado vários meses, morrendo em 28 de janeiro de 2016, tendo como causa traumatismo cranioencefálico.

A defesa do soldado foi feita pelos advogados Rodrigo Lustosa Victor e Thomaz Rangel. O corpo de jurados acatou a tese de que o disparo, mesmo tendo sido efetuado por Rafael, somente ocorreu porque este atuou em legítima defesa de um terceiro, no caso um motociclista que vinha sendo perseguido pelo carro dirigido pelo pai da criança.

A denúncia

Conforme a peça acusatória, o policial, na noite do crime, patrulhava o Setor Bueno e região, na companhia do cabo Jorge Alberto Vaz da Silva Júnior, numa viatura caracterizada. Já a vítima e seus pais – Silvânio Dias Vieira e Camila Adriane Furtado da Silva – retornavam para casa, quando, nas imediações da Igreja Videira, no Setor Bueno, a criança pediu para urinar, dizendo que estava muito apertada. Silvânio, então, estacionou o carro e todos desceram.

Nessa hora, segundo a denúncia, passava por ali, numa motocicleta, Edimar Gomes, que presumiu que o casal estivesse tentando furtar pneus dos carros também estacionados no local. Ele, então, diminuiu a velocidade e encarou a família, fazendo um movimento de retorno. Neste momento, pais e filho entraram no carro e saíram. Edimar era amigo do soldado Rafael e, sabendo que ele estaria trabalhando naquela noite, ligou no celular e contou suas suposições. Ao mesmo tempo, passou a acompanhar o carro de Silvânio, avisando o soldado, em tempo real, onde estavam trafegando.

Incomodado com a perseguição, Silvânio tentou fechar a moto e, depois, passou a trafegar na Rua T-40, seguindo o motociclista. Logo depois, quando os dois entraram na T-32, Silvânio foi surpreendido com a presença da viatura da PM, que trafegava em sentido contrário, com giroflex, faróis e sirene desligados. Assim, quando os dois veículos ficaram lado a lado, em movimento, Rafael atirou na direção do carro da família, sendo que um tiro atingiu a cabeça da vítima, transfixando-a, tendo também perfurado o vidro lateral direito. A criança foi levada para o hospital, onde só morreu meses depois.