Vivemos uma mentira?

Nas últimas semanas o mercado e os juristas ficaram em polvorosa. Tudo por culpa de um picolé e de um suco. Descobriram, afinal que o tal do Dilleto não era uma receita familiar de um vovô, na mesma quadra em que se veio a tona que um tal suco Do Bem não é feito de laranjas colhidas em uma única fazenda.

Grande coisa, fiquei pensando… Já repararam como as fotos nos cardápios de restaurantes ou de lanchonetes fast foods não parecem em nada com o que realmente é vendido?

E as operadoras de telefonia, que não entregam o tal do 4G que justifica uma cobrança absurda. Nas TVs por assinatura nem de longe o valor da propaganda é o valor cobrado no final do mês.
 
Até – e talvez, principalmente – com o Estado é assim. Nas campanhas publicitárias dos Municípios, dos Estados ou da União são mostradas obras e serviços de primeiro mundo. Vai lá usar para ver… Paga-se tributariamente como na Suíça mas a fruição é de serviço da Etiópia.
 
Mas a enganação não estanca por aí não. De cogumelos mágicos que cura de câncer a aids até comprimidos naturais da casca, da folha e da raiz de árvores amazônicas de nomes esquisitíssimos tudo é vendido.

E a compra parcelada em doze vezes sem juros pelo mesmo preço à vista? Isso mesmo.

Cá entre nós, esse é o país da mentira. Tudo é de mentira. Todos são mentirosos. O Estado mente, os eleitores mentem, os cidadãos mentem.
 
E depois querem colocar a culpa na tal da propaganda enganosa. Ora, ora… por favor… tudo é uma mentira. Tudo é de mentira. Até nós mentimos; claro, sempre seguindo a velha lição de Millor de jamais dizer uma mentira que não se possa provar.

*Carlos Vinícius Alves Ribeiro, Mestre e Doutorando em Direito do Estado pela USP, Professor de Direito Administrativo e Urbanístico, Promotor de Justiça e Membro do Conselho Nacional do Ministério Público.