Cinco denunciados pela morte do radialista Valério Luiz vão a júri popular na segunda-feira

O ex-cartorário Maurício Sampaio, Ademá Figuerêdo Aguiar Filho, Djalma Gomes da Silva, Marcus Vinícius Pereira Xavier e Urbano de Carvalho Malta serão julgados por um júri popular pelo homicídio do radialista Valério Luiz de Oliveira. O julgamento acontecerá na próxima segunda-feira (14/3), a partir das 8h30, pela 4ª Vara Criminal de Crimes Dolosos Contra a Vida e Tribunal do Júri de Goiânia, no auditório do Tribunal de Justiça de Goiás, no Setor Oeste. A sessão será presidida pelo juiz Lourival Machado da Costa.

Apenas aquelas pessoas que são indispensáveis para a realização do júri terão autorização para entrar no local, segundo o Decreto Judiciário nº 2.437 de 2021. De acordo com o documento, em “atos presenciais, principalmente sessões de julgamento do tribunal do júri de réus presos e soltos, o magistrado deve limitar a presença às pessoas imprescindíveis para a realização”.

Durante o julgamento, além dos réus, serão ouvidas 30 testemunhas. Atuarão na acusação os promotores de Justiça Maurício Camargo,  Renata Souza e  Sebastião Martins. Eles terão três outros assistentes de acusação. Um deles é o filho da vítima, Valério Luiz de Oliveira Filho. E os outros dois: Lorena Nascimento e Silva e Jales Rodrigues Naves Júnior.

Já a defesa de Maurício Sampaio estará sob a responsabilidade do advogado criminalista Ney Moura Teles. Rogério Rodrigues de Paula atuará na defesa de Marcus Vinícius Xavier, que está em Portugal, mas participará on-line do julgamento.  Ricardo Silva Naves e Thales Jaime representarão Adema Figueiredo Aguiar Filho, Djalma Gomes e Urbano Carvalho Malta.

Denúncia

De acordo com a denúncia, o crime foi cometido por volta das 14 horas de 5 de julho de 2012, na Rua T-38, no Setor Bueno, a poucos metros da emissora em que a vítima trabalhava. Segundo o MPGO, o inquérito policial apurou que Ademá Figuerêdo Aguiar Filho, em “conluio, repartição de tarefas e contando com a participação dos demais denunciados, efetuou vários tiros em Valério Luiz de Oliveira, causando-lhe a morte imediata”.

O MP-GO sustenta que as constantes e enfáticas críticas que Valério Luiz fazia à diretoria do Atlético Clube Goianiense, no exercício da profissão de jornalista e radialista esportivo, nos programas Jornal de Debates, da Rádio Jornal 820 AM, e Mais Esporte, da PUC-TV, teriam desagradado o empresário Maurício Sampaio, que era dirigente do clube de futebol. Os comentários da vítima geraram acirrada animosidade e ressentimento no empresário, com desentendimentos, segundo a denúncia apresentada.

Segundo a investigação, no dia 17 de junho de 2012, em meio aos comentários que a vítima fazia no programa Mais Esporte, ao falar a respeito de possível desligamento de Maurício Sampaio da diretoria do time de futebol, teria dito que “nos filmes, quando o barco está afundando, os ratos são os primeiros a pular fora”. Em represália, narra a denúncia, a diretoria do Atlético Clube Goianiense proibiu a entrada das equipes jornalísticas nas dependências do clube.

Sentindo-se ofendido na sua honra, destaca o relato dos promotores, Maurício Sampaio passou a almejar a morte da vítima e fez o planejamento do crime em conjunto com Ademá Figuerêdo e Djalma da Silva, que contou com o auxílio de Urbano Malta. Este último mantinha vínculos de amizade, profissional e de trabalho com o empresário e até residia em uma casa de sua propriedade, sem pagamento de aluguel, localizada em frente ao local onde ocorreu o homicídio.

Djalma da Silva convidou Marcus Vinícius para participar do crime, detalha a denúncia. Coube a este emprestar a moto, o capacete e a camiseta para Ademá Figuerêdo, além de guardar no açougue de sua propriedade a arma e o celular que seriam utilizados no homicídio. Os chips dos telefones utilizados na comunicação foram habilitados em nomes de terceiros.

Denúncia relata planejamento para o crime

Conforme o órgão ministerial, no dia do crime, Ademá Figuerêdo foi até o açougue de Marcus Xavier, pegou a moto, o capacete, a camiseta, o telefone e a arma e se dirigiu até as imediações da emissora de rádio. No local, comunicou-se com Urbano Malta, que estava na espreita, aguardando o momento em que Valério Luiz  sairia. A vítima foi morta quando já estava dentro do veículo, ao final de uma jornada de trabalho.

Ademá Figueiredo e Maurício Sampaio foram denunciados com base no artigo 121 (homicídio), parágrafo 2º, incisos I (mediante paga ou promessa de recompensa) e IV (recurso que dificulte ou torne impossível a defesa da vítima) do Código Penal.

Djalma Gomes da Silva, Urbano de Carvalho Malta e Marcus Vinícius Pereira Xavier foram denunciados com base no artigo 121, parágrafo 2º, incisos I e IV combinado com artigo 29 (concurso de pessoas) do Código Penal. Com informações do MP-GO.