Com o objetivo de facilitar a triagem de ações trabalhistas com maior probabilidade de acordo entre as partes, o Tribunal Regional do Trabalho da 18ª Região (TRT de Goiás) desenvolverá um painel capaz de identificar quais processos teriam maior probabilidade de resultar em conciliação, inicialmente dentre aqueles em tramitação no 2º grau de jurisdição. Com o painel, o tribunal também espera aumentar a produtividade do Centro Judiciário de Métodos Consensuais de Solução de Disputas (Cejusc) e os índices de conciliação.
De acordo com o secretário-geral da Presidência do TRT-GO, Humberto Ayres, o painel será desenvolvido inteiramente pela Secretaria de Tecnologia da Informação e Comunicações (STI) tribunal e deve ser totalmente concluído até o fim deste ano. Com a utilização do método ágil, serão realizadas pequenas entregas periódicas, permitindo a correção de eventuais inconsistências e disponibilizando recursos de forma gradativa.
Primeiramente, o painel será construído com o uso da ferramenta Power BI. Num segundo momento, poderá ser utilizada a inteligência artificial, conforme explicou a servidora Ângela Marisa Oliveira, da STI, responsável pela tarefa.
Workshop sobre conciliação
Para auxiliar no mapeamento das necessidades dos magistrados e servidores que atuam com conciliação e na definição dos requisitos para a construção do painel, o tribunal promoveu o “Workshop Probabilidades para Conciliação em 2ª Instância” no início do mês. Nesses dois dias, desembargadores, juízes, servidores da área judiciária e da STI, advogados e representantes do Ministério Público do Trabalho tiveram a oportunidade de discutir quais seriam esses requisitos, usando a técnica do design thinking, sob orientação de um especialista no assunto, o consultor Eduardo Nomura.
O design thinking é uma metodologia utilizada para oferecer produtos e serviços de acordo com a real necessidade dos clientes. Ela é cada vez mais utilizada por empresas e instituições que desejam aperfeiçoar seus serviços de forma simples, ágil e bem planejada, uma vez que ela aproveita características de um profissional de design — como sua forma de pensamento, potencial criativo e empatia — em todo o negócio, e não apenas na criação de um produto.
Eduardo Nomura explicou que o design thinking traz uma abordagem humanizada para a resolução de problemas complexos. Ele acredita que o design thinking pode ajudar muito nos processos trabalhistas, principalmente na conciliação, colocando-a num outro nível. “Um problema não precisa ter uma única solução. Um problema e uma necessidade devem ter várias soluções, várias possibilidades e, com um repertório de possibilidades, você consegue ter melhores escolhas”, ressaltou.
O especialista disse ter ficado impressionado com o desempenho e o comprometimento da equipe que participou do workshop. Para Nomura, o grupo conseguiu chegar a um nível elevado de autogestão do trabalho de pensar ideias, dispensando o auxílio do facilitador à medida que as atividades foram sendo conduzidas. “O empoderamento do time foi diferenciado. Superou as minhas expectativas como facilitador!”, concluiu.
Avaliações
Ao final do workshop, a desembargadora Wanda Lúcia Ramos, coordenadora do Cejusc do 2º grau, pontuou que o painel vai ser um instrumento a mais na facilitação da triagem de processos feita pelos servidores de gabinetes. Ela aproveitou também para destacar que o Cejusc de 2º grau, instalando recentemente, contabilizou, nas estatísticas do mês de maio, 177 processos pautados, dos quais 61 tiveram acordos, com um percentual de conciliação de 34%. “Para quem está começando, é um excelente resultado”, afirmou a desembargadora.
O secretário-geral da Presidência ressaltou que, em 16 horas de workshop, a equipe de participantes conseguiu levantar 45 aspectos favoráveis, 22 desfavoráveis e 20 ideias potenciais. “Foram construídos 20 cenários de Lego e saímos com 4 regras gerais de negócio estabelecidas”, disse Humberto Ayres, ao comentar alguns dos resultados. O Lego foi utilizado pelos participantes para fazer protótipos das ideias sugeridas como solução dos problemas.
O servidor Fernando Tormin, lotado no gabinete do desembargador Gentil Pio, expôs os próximos passos, as quatro regras gerais de negócio, definidos no workshop para o desenvolvimento do painel pela STI. São eles: avaliar a viabilidade de incluir no Cejusc a análise de processos em recursos de revista; formação de multiplicadores nos gabinetes; capacitação de advogados em técnicas de conciliação e criação de salas de conciliação no Cejusc de 2º grau. Fonte: TRT-GO