Novo sistema de alertas para desmatamento do Cerrado

Na última segunda-feira (12), foi lançado o novo sistema de monitoramento de alertas de desmatamento para o Bioma Cerrado. Fruto de uma parceria entre o IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), MapBiomas e LAPIG (Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento) da Universidade Federal de Goiás, o Sistema de Alerta de Desmatamento do Cerrado (SAD Cerrado) já está disponível para acesso aberto em plataforma virtual e já emitiu o primeiro relatório referente ao primeiro semestre de 2022.

De acordo com o relatório do novo sistema, no primeiro semestre do ano, o Cerrado acumulou um desmatamento de 472.816 hectares, uma área equivalente ao Distrito Federal, o que representa um aumento de 15% na área desmatada em relação ao mesmo período do ano passado.

O SAD Cerrado, apesar de não ser o primeiro sistema de alertas para desmatamentos em funcionamento no país, representa um avanço em monitoramento de desmatamentos ocorridos no Bioma Cerrado. Isso porque, em razão da sazonalidade e da diversidade de característica da vegetação nativa desse bioma, o tratamento e interpretação de imagens de satélite representava verdadeiro desafio para os pesquisadores.

O novo sistema funciona por meio de inteligência artificial e utiliza imagens do satélite Sentinel-2, da Agência Espacial Europeia, e terá uma resolução de 10 metros para monitoramento, o que torna a nova ferramenta ainda mais eficiente.

Com o avanço do agronegócio sobre áreas que ainda possuem potencial de exploração, o SAD Cerrado poderá auxiliar no monitoramento do avanço do desmatamento nas fronteiras agrícolas, coibindo desmatamentos ilegais.

Recentemente, os alertas emitidos por esses sistemas de monitoramento representam o principal substrato para aplicação de multas ambientais pelos órgãos ambientais. É preciso, no entanto, que os órgãos ambientais se utilizem da ferramenta de modo responsável e com critério técnico, já que, muitas vezes, a fiscalização in loco ou mesmo a notificação dos proprietários rurais para apresentarem as licenças e autorizações não ocorre antes da lavratura de multas.

Nesse cenário, tornou-se ainda mais recomendável o planejamento ambiental para desmatamento e conversão de áreas para uso agrícola. Este trabalho deve preceder de um estudo criterioso do histórico de ocupação da propriedade, identificação de passivos ambientais, avaliação das tipologias existentes, realização dos estudos corretos; tudo elaborado por profissionais competentes, e com o objetivo de realizar um desmatamento responsável, que respeite as normas legais, e evitando, assim, aplicação de sanções administrativas e embargos.