Programa de trainee proporciona vivência jurídica a estudantes de Direito de Goiânia

Wanessa Rodrigues

Três estudantes de Direito estão tendo a oportunidade de vivenciar o dia a dia de escritórios de advocacia de Goiânia, de modo compartilhado e rotativo (Job Rotation). Trata-se do Programa de Estágio Trainee implantado em agosto deste ano por três Sociedades de Advogados – GMPR Advogados, Lara Martins Advogados e Rodolfo Otávio Mota Advogados. A ideia é que os alunos conheçam de forma ampla a rotina de escritórios e possam ter aprendizado além da sala de aula. O projeto é dividido em sete etapas.

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Estudante Maria Luísa Fajardo, de 21 anos.

A estudante Maria Luísa Fajardo, de 21 anos e que está no indo para o 7º período do curso de Direito da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás), foi uma das escolhidas para participar do programa, que terá um ano de duração. Nos primeiros meses do projeto, ela e outras duas alunas, Isadora Ramos Prata, também da PUC, e Vanessa Vieira, da Universidade Salgado de Oliveira – Universo, passaram pelas etapas Auxiliar Administrativo e Jurídico, para conhecer como funciona a parte administrativa dos escritórios.

As primeiras etapas, já concluídas pelas alunas, compreendem passar pela recepção dos escritórios, administração e setor de diligências externas. Maria Luísa conta que, inicialmente, não sabia da importância de conhecer como funciona o administrativo de um escritório de advocacia. Porém, ao vivenciar a rotina, descobriu que é de suma importância ter a visão geral da estrutura dos estabelecimentos. Para ela, a experiência possibilita saber como todos, independente da área, atuam no local.

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Trainees que participam do projeto.

“Aprender a rotina de todos os profissionais possibilita tratar melhor o cliente, por exemplo. Tudo isso é um diferencial muito grande, pois temos a noção de como funciona um grande escritório de advocacia. A rotina é intensa e cansativa, mas vale a pena”, diz Maria Luísa, que tem aconselhado outros colegas a participarem do programa.

Além de proporcionar aprendizado para as trainees, o programa também proporciona ganhos para os escritórios. Maria Luísa conta, por exemplo, que ela e as outras estaggiárias, participam de reuniões com os sócios dos escritórios e, ao final de cada etapa, realizam relatórios críticos com sugestões de melhorias. Os responsáveis pelos estabelecimentos elegem as melhores sugestões e analisam a possibilidade de implantá-las. E foi isso que já aconteceu. “Já foram aplicadas e, com elas (as melhorias), o trabalho foi otimizado”, relata.

Carreira
Maria Luísa observa que conhecer a rotina dos escritórios por meio do programa pode ajudar também na escolha pela área que o estudante quer seguir na Advocacia. Ela diz que sua vontade inicial era se especializar em Direito Empresarial ou Penal. Porém, a estudante conta que, no momento, está encantada com a área trabalhista, na qual atua um dos escritórios que ela faz o estágio. “Acredito que, ao final, vamos conseguir definir ao certo qual área seguir”, diz.

Fases
O programa oferece bolsa a estudantes, cujo valor muda em cada etapa concluída. Começou R$ 150 e agora está em R$ 600. As estudantes estão agora nas etapas de equipe jurídica, que duram mais 30 semanas. Segundo o coordenador do projeto nos três escritórios, o advogado Gustavo Souza, estas fases incluem fazer petições e trabalhos mais técnicos, além de acompanhar os sócios dos estabelecimentos em suas rotinas. “Isso possibilita não apenas ensinar a como ser um advogado, mas como ser dono e líder”, observa.

Gustavo Souza
Advogado Gustavo Souza, coordenador do projeto de trainee nos escritórios.

Resultado
Gustavo Souza diz que as estudantes, nos primeiros meses do projeto, aprenderam a ser mais extrovertidas, pois têm sempre de conversar com pessoas novas e extrair o máximo dos orientadores. Além disso, têm adquirido a visão sistêmica da prestação dos serviços jurídicos. “E isso justamente porque elas têm entendido que ser advogado não é somente fazer a petição e levar no Fórum. Tem todo um processo por trás desse trabalho”, salienta.

O coordenador ressalta que, por vivenciarem todas as etapas nos três escritórios, as estudantes também têm fomentado a visão crítica da prestação dos serviços. Isso porque vêm formas diferentes de trabalho e podem fazer críticas e sugerir melhorias. Ou seja, estão criando a cultura do aprimoramento. “Outro bem para elas é aprender o trabalho em equipe, o que é muito importante. Por outro lado, as equipes dos escritórios ganham no que diz respeito a colaborar e compartilhar conhecimento”, acredita.