A professora Márcia Zaccarelli foi condenada por um júri popular a 18 anos e 8 meses de reclusão, a serem cumpridos em regime fechado, na Penitenciária Odenir Guimarães, antigo Cepaigo. O julgamento, realizado nesta quarta-feira (1º) foi presidido pelo juiz da 3ª Vara dos Crimes Dolosos Contra a Vida e Tribunal do Júri da comarca de Goiânia, Jesseir Coelho de Alcântara. A mulher foi considerada culpada pela morte da filha recém-nascida e por esconder o corpo durante cinco anos em um escaninho no prédio em que morava, no setor Bueno.
Os jurados entenderam que a ré é culpada pelo crime, uma vez que agiu com frieza, de forma cruel tampou o nariz da prórpia filha recém-nascida causando-lhe a morte. Para eles, ficou evidente que este grau de reprovabilidade deve ser considerado elevado, pois não se afigura corriqueiro o fato de uma mãe matar a própria filha. Concluiram ainda que a ré não possui pertubação da saúde mental e nem doença metal, bem como possui conduta social dentro da normalidade, uma vez que po01-08-juri-marciassui ocupação lícita, curso superior completo e boa adaptabilidade social.
“As circunstâncias do crime não lhe favorecem, por atingir vítima recém-nascida, impossibilitando-lhe sua defesa. As consequências do crime são inerentes a esse tipo penal que é de natureza irreversível, pois foi retirada a expectativa de a criança recem-nascida vir a se tronar uma pessoa adulta, formar família e ter uma carreira profissional”, sustentaram os jurados que integraram o Conselho de Sentença.
O interrogatório
O interrogatório da professora Márcia Zaccarelli durou cerca de uma hora e, em alguns momentos, ela chorou. Ela afirmou que a morte da bebê foi acidental e que a ideia de esconder o corpo foi do ex-companheiro, Glácio de Souza Costa, e contou detalhes de como o bebê teria morrido. Segundo ela, a recém-nascida morreu nos braços dela, enquanto ela a segurava contra o peito para que o marido não a tomasse de seu colo.
Conforme relatado pela professora, quando ela saiu do hospital por não ter mais dinheiro para continuar lá, foi para uma praça. “O meu ex-marido me ligou e me encontrou lá. Ele tentou a todo custo retirar a minha filha dos meus braços, e eu apertava ela contra o meu peito para protegê-la. Ficamos um tempo nessa briga até que fomos para casa. Quando eu cheguei, percebi que minha filha não estava mais respirando”, disse durante o interrogatório.
Márcia disse que a bebê era fruto de uma traição e afirmou que tanto o marido, quanto o amante, sabiam da gravidez, mas nenhum deles queria assumir a filha. Segundo ela, quando entrou em trabalho de parto, o marido disse que era para ela “sumir e dar um jeito” na criança. “Eu jamais abortaria. Quando eu entrei em trabalho de parto, o Glaudson disse que era para eu sumir e dar um jeito na criança, não voltar para casa com ela, porque ele não passaria por essa vergonha”, contou chorando ao magistrado que conduziu o interrogatório. Fonte: TJGO