Polícia divulga vídeo de suspeito acusado de enviar bomba a advogado Walmir Cunha

Marília Costa e Silva

Tem cerca de 60 anos o homem suspeito de ter enviado a bomba para o advogado Walmir Cunha, de 37 anos, no último dia 15 de julho. O artefato explodiu quando foi aberto pelo causídico, no seu escritório localizado no Setor Marista, em Goiânia. As imagens (veja o vídeo) foram encontradas graças ao depoimento do motoqueiro contratado para levar o artefato ao escritório do advogado. A polícia pede para quem se alguém identificar o homem que denuncie no telefone 197.

E são essas imagens que a polícia acredita que poderão ajudar na identificação do suspeito do crime. “Estamos entregando o material para imprensa, e quem vir as imagens e souber quem é o suspeito pode denunciá-lo anonimamente”, explica o delegado titular da Delegacia Estadual de Investigações Criminais, Valdeni Pereira da Cunha, responsável pela condução das investigações que já descartaram crime passional. “O crime foi um atentado ao exercício profissional da advocacia”, assegura o delegado.

Tenente mostra réplica da bomba enviada
Tenente mostra réplica da bomba enviada

Conforme o responsável pelas investigações, o motoqueiro não tem nenhuma participação no crime. Ao contrário, tão logo ele ficou sabendo do que ocorreu, procurou a polícia e tem ajudado na elucidar do caso. “Foi graças ao depoimento dele que a polícia conseguiu encontrar imagens gravadas por uma câmera de vídeo instalada na Avenida Contorno esquina com Avenida Vera Cruz, no Jardim Guanabara, em Goiânia, onde o suspeito contratou o motoqueiro para a entrega”, diz. Elas mostram um homem vestindo calça cinza, camisa branca e boné verde passando próximo ao motoqueiro que saia para fazer uma entrega.

A polícia narra que o homem volta posteriormente ao local e pergunta quanto o motoqueiro cobra para levar um “presente” no setor Marista. Ele diz que é R$ 25. O homem ainda pechincha, pedindo para que fosse cobrado apenas R$ 20, o que não foi atendido. Apesar disso, ele entrega uma caixa, que parece ter em seu interior um vinho. A embalagem é, então, levada pelo motoqueiro ao escritório. Quando o advogado tentou abri-la, ela explodiu nas mãos dele, decepando três dedos e o ferindo gravemente no pé e no abdome.

A polícia acredita que o suspeito possa ter sido auxiliado no caso por um policial, que teria sido quem fez o artefato. Isso porque, segundo o delegado, a bomba foi muito bem construída.  Não se sabe, porém, a identidade do policial. O homem que enviou a bomba também pode ter sido instruído pelo policial. “Ele foi muito cuidadoso ao abordar o motoqueiro. Ele tenta disfarçar ao máximo sua presença no local. Ele anda de cabeça baixa, com boné que evita que seu rosto seja totalmente exposto”, diz o delegado.

Réplica
O tenente Divino Dias Marques Neto, comandante do Esquadrão Antibombas do Batalhão de Operações Especiais (Bope), conta que após terem sido coletados fragmentos da bomba, foi feita uma réplica do material (veja foto). “Com isso, descobrimos que ela funcionava por acionamento por descompressão, ou seja, quando o advogado abriu a embalagem, ele ouviu um clique seguido por um apito acionando o dispositivo”, conta Marques Neto.

Walmir Cunha
Walmir Cunha teve ferimentos graves

Conforme o tenente, a bomba continha 500 gramas de explosivo semelhante ao que se usa em demolições. “Ela tinha capacidade suficiente para matar o advogado”, diz. O causídico não morreu porque, ao perceber o ruído na caixa, tentou jogar o artefato para longe. A bomba, além de ferir gravemente Walmir Cunha, destruiu parte da recepção do escritório.

OAB-GO
Desde o início das investigações, a seccional goiana da Ordem dos Advogados do Brasil acompanha o caso. Hoje, o presidente da Comissão de Direitos e Prerrogativas, Erlon Fernandes, esteve presente durante a apresentação do vídeo. Ele assegura que o trabalho da polícia foi impecável no caso. “Agora esperamos que as imagens divulgas possam ajudar na identificação do suspeito.

Eficiência

Em comunicado enviado ao Rota Jurídica, o advogado Walmir Cunha diz estar confiante na eficiência da Polícia Civil, que está conduzindo com celeridade as investigações relacionadas ao atentado que sofreu em 15 de julho deste ano. “As conclusões do inquérito divulgadas nesta terça-feira (20/9) só confirmam a hipótese inicial de que a motivação para o crime está ligada à sua atuação profissional, o que atinge também toda a sociedade com a tentativa de cerceamento da atuação de advogados na defesa dos direitos e demandas da população”, diz Walmir Cunha, que atua nas áreas do Direito Agrário e Empresarial.