Padre e ex-padre são condenados por desvio de verbas federais de programa de combate à Aids

A Justiça Federal condenou o padre Anselmo Silva e o ex-padre Egmar Gonçalves da Silva, ligados à Paróquia Nossa Senhora do Rosário, da Diocese de Goiandira, cidade a 260 quilômetros de Goiânia, a mais de oito anos de prisão. Eles também deverão pagar multa, pelo desvio de cerca de R$ 80 mil em verbas federais de um programa de combate à Aids do Ministério da Saúde.

A sentença, proferida pelo juiz federal Alderico Rocha Santos, estabelece o cumprimento de oito anos e um seis meses de pena, em regime fechado, por parte de Egmar, e de oito anos e um mês por parte de Anselmo, também em regime fechado. Da decisão ainda cabe recurso ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região. As informações são do jornal O Popular.

O caso

De acordo com a denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal (MPF) em 2012, o montante de R$ 164 mil, oriundo do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), foi dividido em duas parcelas de R$ 82.034,00 e depositado em nome da paróquia.

Anselmo Silva, que representava a Igreja Católica Apostólica Brasileira (ICAB) no local, apresentou a proposta do programa de combate à Aids “Jovens Conscientes” em outubro de 2004 e teria autorizado Egmar Gonçalves da Silva a sacar quase todo o dinheiro da primeira parcela.

Funcionários do banco estranharam a quantidade de saques. A parcela depositada era para ser gasta ao longo de um ano. O próprio banco entrou em contato com o Ministério da Saúde, que enviou até a cidade uma comissão de fiscalização, que detectou a fraude e denunciou os dois padres.

De acordo com o procurador Daniel Salgado, o objetivo didático do programa ficou apenas no papel, pois após a aprovação do projeto e a liberação das verbas, em janeiro de 2005, nada foi realizado, apesar dos saques quase integrais dos valores. “Nenhum panfleto foi confeccionado para ser usado em uma campanha de conscientização sobre o uso de drogas ou sobre DST/Aids”, disse.

Durante a fiscalização do Ministério da Saúde, Edmar chegou a apresentar nota fiscal no valor de R$ 42 mil de uma gráfica, como se o material estivesse sendo confeccionado para o programa. Porém, o dono da empresa negou ter emitido a nota fiscal e ter feito o trabalho.