O mais novo advogado de Goiás tem apenas 20 anos e o mais velho, 95. Saiba quem são

Wanessa Rodrigues

Um dos mais velhos cursos da história, o Direito continua na moda e atrai cada vez mais jovens no Brasil. Em cinco anos, de 2010 a 2014, o número de matrículas no curso cresceu 17% no país, passando de 694.447 para 812.897.  Em Goiás, a atração pelo curso não é diferente. Diego Máximo do Prado tem apenas 20 anos de idade e já conquistou um grande feito: desde fevereiro deste ano, é o mais jovem advogado inscrito na seccional goiana da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-GO). Ele, que é filho do advogado Tênio do Prado, prestou o exame de Ordem quando estava no 9º período de curso de Direito, na época com 19 anos e foi aprovado nas duas fases do exame. Agora, a meta é conseguir ser o mais jovem nos cargos de Delegado ou Promotor de Justiça.

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Diego Máximo do Prado, 20 anos, é o mais novo inscrito na OAB-GO.

A primeira vez que Diego passou na OAB, também nas duas fases do exame, ele ainda estava no 5º período e com 18 anos de idade. Com 19 anos, passou em duas fases do concurso para delegado de polícia do Estado do Ceará. Para ele, os resultados obtidos tão cedo são fruto de muito esforço e estudo. Ele conta que sua preparação durante a faculdade foi intensa, e agora depois de formado, permanece assim. “Para quem não conhece a rotina do concursando, deve parecer difícil. Mas pra quem vive essa rotina por muito tempo, parece impossível!”, ressalta.

Diego relata que adotou um estilo de vida “absurdamente” restritivo já há dois anos e meio. E que na luta por seus sonhos recebe o apoio e a compreensão de seus pais e de sua futura esposa. Segundo salienta, a ansiedade e inquietação de quem pretende passar no Exame de Ordem ou em um concurso é muito grande, e se a família não entender que os resultados vêm com o tempo “e que aquele cineminha ou o simples jantar vai sim fazer muita falta nos estudos, é muito difícil alcançar qualquer resultado”, completa.

O jovem observa que o curso de Direito tem sido muito escolhido por aqueles que estão indecisos, o que resulta em muitos bacharéis frustrados e descontentes. Frustrados por terem escolhido um curso que não era o que eles queriam, ou porque a advocacia não trouxe o retorno esperado. “Infelizmente o número de bacharéis e advogados insatisfeitos e não realizados na área é cada vez mais crescente. Acredito que a maioria das pessoas não mensura corretamente o quão impactante será a escolha acertada (ou não) do curso superior”, opina.

Mas, para Diego, os objetivos de carreira já estavam traçados desde o 5º período do curso de Direito. Ele diz que, já nesta época, estuda para ser Delegado de Polícia.  Porém, depois que colou grau, decidiu mudar o foco para Promotor de Justiça, sem prejuízo aos concursos de delegado. “Eu sempre soube qual era minha vocação. Sempre escutei todos os conselhos e orientações que recebia, mas sabia qual seria o meu caminho desde que fui aprovado no concurso da PM/GO em 2012”, relata, Diego, que filho da advogada criminalista Albanita Máximo, vem dela a influência para ser penalista.

Conselho
Para aqueles que ainda estão na faculdade e desejam o funcionalismo público, esclareço que nunca é cedo demais para começar a estudar de verdade, e que eles devem começar o quanto antes, pois a concorrência é cada vez mais preparada e as provas são cada vez mais difíceis. Para aqueles que desejam advogar, oriento que eles iniciem em algum escritório de advocacia o quanto antes, sem preconceito quanto às funções de office-boy, pois é assim que eles poderão ser vistos e conhecidos pela sociedade em geral – o que facilitará a entrada no mercado após a conclusão do curso.

Mais velho
Se de um lado a OAB-GO tem um jovem de apenas 20 anos entre seus inscritos. De outro, tem um advogado com 95 anos e que ainda atua na advocacia. José Hermano Sobrinho, que tem o número de inscrição 358 na Ordem, escolheu cursar a faculdade de Direito porque na época, na década de 1940, esse era o único curso superior oferecido em Goiânia. Ele formou-se em 1946, pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Apaixonou-se pela profissão e, até hoje, atua na área trabalhista. Ele teve escritório de 1947 a 1982 e, hoje, trabalha em casa em processos que ainda estão pendentes.

“Não tinha outra opção, mas acabei me apaixonando pela carreira e hoje estou preso a ela e me sinto realizado”, diz, em tom de brincadeira. José Hermano tem uma vasta carreira na área do Direito, que inclui cargos como juiz do Tribunal Regional Eleitoral  (TRE), fiscal, procurador federal (aposentado), vice-presidente da OAB-GO, entre outras funções.

José Hermano aconselha os jovens que hoje ingressam ou querem ingressar na carreira do Direito. Ele diz que o primeiro passo para se dar bem na área é ser honesto. Depois, saber um pouco de Direito, pois o restante vem com o exercício da profissão. Com essa receita, ele diz que é possível “romper barreira”, em uma carreira bonita, cheia de desafios sociais e que traz muita satisfação.