Motorista culpa entidade mística por infração de trânsito e diz que não pode ser responsabilizado por conduta de outrem

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Wanessa Rodrigues

As desculpas para quem comete infrações de trânsito são as mais variadas. Pressa, falta de atenção, falta de sinalização, etc. Mas, em Rio Verde, no interior de Goiás, as alegações de um motorista que foi multado por excesso de velocidade chamam a atenção pelo inusitado. O responsável por formular a defesa de autuação disse no documento que, no momento da infração, uma entidade mística de nome Pazuzu tomou conta do corpo do motorista e efetuou a transgressão e outras condutas indecorosas. A entidade era o rei dos demônios do vento, filho do deus Hanbi.

Pazuzu era o rei dos demônios do ventos

No documento, encaminhado para a Comissão Administrativa de Defesa Prévia (CADEP) de Rio Verde, o defensor narra a história de uma maneira bastante inusitada. Inicialmente, diz que o motorista é proprietário de uma caminhonete batizada de Senhorita Charlote, “vetusta e costumeiramente imunda pangaré”. E que apesar de não ser o melhor dos veículos automotores, ao menos não é qualquer um dos produzidos pela Ford, que fechou as portas no Brasil e chama o país de “inigualável república das bananas”.

Ao narrar o ocorrido, diz que o motorista estava levando “sua amada esposa” para uma consulta médica em um dos “centenas de consultórios médicos que mais fazem com que Rio Verde pareça ser a cidade com mais doente por metro quadrado do Universo. A verdadeira Chernobyl do Centro-Oeste brasileiro”.

Segue dizendo que algumas condutas produzem efeitos deletérios, aterrorizantes e indescritíveis “como despertar a ira Divina ao idolatrar o bezerro de ouro, olhar o interior da Arca da Aliança, ou, aos mais corajosos, deixar um médico esperando por alguns minutos apenas”. Assim, diz que o motorista, no intuito de não “atiçar a ira dos deuses da Medicina”, fez uma pequena oração rogando proteção celestial.

Contudo, diz que, por revés do destino, a oração que deveria ascender aos céus “efetuou uma curva errada, indo direito para as mais obscuras e profundas entranhas da terra”. Esclarece que foi nesse momento que o motorista perdeu toda a gerência de seu corpo, tendo sido abruptamente incorporado pela entidade mística Pazuzu, que seria a responsável pela infração de trânsito e outras condutas que o motorista “jamais teria o pudor de conceber”.

Ao final, diz que o motorista só voltar a dar ordens a seu corpo quando o carro já estava estacionado em frente ao consultório. Diante da situação, salientou que o condutor do veículo não pode ser responsabilizado pela conduta de outrem, “mormente de Pazuzu, que há milênios traz o mal à humanidade”.

Confira a íntegra da petição