Morreu na noite desta segunda-feira (27), em Goiânia, o juiz Peter Lemke, que se aposentou recentemente para tratamento de um câncer. Ele esteve à frente da Diretoria do Foro da comarca de São Luís de Montes Belos, município distante cerca de 120 quilômetros da capital
Quando descobriu o câncer, em 2017, Peter Lemke tinha acabado de se tornar campeão brasileiro de ciclismo, em prova realizada em João Pessoa. Apaixonado por esportes, deixou de lado a carreira como ciclista profissional para ser juiz, mas voltou a pedalar na primeira oportunidade que teve.
Somente em São Luís, ele deixou trabalhos que ganharam destaque, como o realizado no presídio regional, que fica na cidade e atende também os municípios de Maiporá e Ivolândia. Em parceria com a unidade prisional, Ordem dos Advogados local e Conselho da Comunidade, entre outros, foram arrecadados mais de R$ 170 mil para ampliação do local, que se tornou referência na região pelo trabalho humanizado com os 145 detentos atendidos nos regimes fechado e aberto.
A humanidade do magistrado pôde ser observada também em decisões marcantes, como a que, em março de 2017, permitiu a visita íntima homoafetiva no presídio, fazendo valer a as disposições normativas que regulamentam o direito, principalmente a Resolução n°4/2011, do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP).
Numa prova evidente de evolução da jurisprudência defendida por ele, o magistrado, ainda em 2017, determinou, em outra decisão de repercussão nacional, que o pai de uma estudante de medicina pagasse R$ 100 mil a ela por abandono afetivo.