Estudante de Direito é investigado por supostamente disseminar conteúdos de teor homofóbico, racista e nazista

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A Polícia Civil de Goiás investiga denúncias de que um estudante de Direito esteja praticado discriminação racial e intolerância em ambiente virtual. Conforme dois Registros de Atendimento Integrado (RAI) feitos na Delegacia Estadual de Atendimento à Vítima de Crimes Raciais e de Intolerância (Deacri), o rapaz tem disseminado conteúdos de teor homofóbico, racista e nazista em redes sociais.

O acusado seria responsável pelo perfil anônimo @hiden_death. O Rota Jurídica tentou contato com o responsável mas não conseguiu. Mas o espaço segue aberto para a manifestação do estudante.

Denúncias

Mensagens com falas contra judeus

As denúncias foram feitas por estudantes que também cursam Direito na mesma instituição de ensino superior do acusado. O primeiro RAI foi registrado no dia 25 de fevereiro por Eliza Cirqueira Lopes, presidente da União Estadual dos Estudantes de Goiás (UEE-GO). De acordo com a denunciante, diversos alunos relataram que o estudante publicava mensagens discriminatórias, incluindo frases preconceituosas contra negros, judeus e pessoas LGBTQIA+.

Além disso, ela narrou na Polícia que testemunhas afirmaram que o aluno realizava gestos nazistas dentro da universidade e levava consigo o livro Mein Kampf, de Adolf Hitler. Os relatos também indicam que o estudante fazia piadas racistas e ameaçava colegas, incluindo um estudante pardo e autista, que teria sido alvo de ameaças físicas.

A denunciante informou que atos de discriminação foram comunicados à diretoria da instituição de ensino superior, que já tinha ciência do comportamento do estudante. No entanto, segundo relata, tais atitudes ocorrem desde 2023 e continuaram sem intervenções efetivas da universidade.

Aluna chamada de “vitimistazinha”

Na quinta-feira (28), foi a vez da estudante Taylor Minadakis também registrar boletim de ocorrência contra o colega. Ela disse que não estuda na mesma sala que ele, mas, por meio de um ex-amigo do acusado, tiveram algumas interações em um restaurante que ambos frequentavam. Taylor relatou que, sendo autista e tendo crises de shutdown na faculdade, passou a ser alvo de comentários ofensivos do estudante no restaurante.

Segundo seu depoimento, o estudante a chamava de “vitimistazinha” devido ao seu autismo e mencionava interações dela nas redes sociais com figuras políticas de esquerda, demonstrando um comportamento de perseguição.

Ao descobrir que ele falava dela de maneira depreciativa, Taylor investigou a presença dele nas redes sociais e encontrou uma conta anônima, @hiden_death, onde identificou postagens de caráter nazista. Após diversas análises de imagens e comparações com tatuagens do acusado, Taylor concluiu que a conta pertencia a ele. Diante das evidências, expôs as informações para a comunidade acadêmica e denunciou o caso nas redes sociais, afirmando que seu objetivo era proteger a todos da ameaça representada pelo colega.

Mensagens de cunho discriminatório contra negros

Tipificação do Crime

A denúncia enquadra-se no artigo 20, § 2º, da Lei nº 7.716/1989, que trata da prática de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, especialmente por meio de comunicação social. A investigação está sob responsabilidade da Deacri, que iniciou diligências para averiguar as denúncias e tomar as providências cabíveis.

Investigação em andamento

Segundo o delegado Joaquim Adorno, que recebeu as denúncias, elas vão ser apuradas dentro do prazo legal. “A Delegacia possui inúmeras investigações em andamento e todas são apuradas em ordem cronológica, salvo as exceções legais”, explica.

O delegado garante que tudo será analisado criteriosamente, sem nenhum tipo de antecipação de culpa ou de resultado. “Não afirmamos a autoria até que cheguemos a ela seguindo todo o devido processo legal e tendo elementos indiciários o suficiente para essa conclusão, até que esse momento ocorra, sigamos com a cautela que o Estado Democrático de Direito exige, sem antecipação de culpa”, frisou.