Desembargador se diz suspeito para julgar Carlinhos Cachoeira

A prisão domiciliar do contraventor Carlinhos Cachoeira e dos empresários Fernando Cavendish, Adir Assad, Marcelo Abud e Cláudio Abreu pode ser revogada. Ontem, o desembargador Ivan Athié, (do Tribunal Regional Federal da 2ª Região), que transformou a prisão preventiva dos detidos em prisão domiciliar se declarou suspeito de atuar no caso. O motivo é que o desembargador já foi defendido pelo escritório de Técio Lins e Silva, que também é advogado de Cavendish.

A declaração impede o desembargador de julgar ações da operação, mas não anula automaticamente o habeas corpus já concedido, que pode ser ratificado, ou não, pelo desembargador que o suceder. Cachoeira e os demais foram presos na semana passada durante a Operação Saqueador e aguardavam tornozeleiras eletrônicas para sair do presídio Bangu 8, no Complexo Penitenciário de Gericinó. Segundo o sistema penitenciário do Rio, os equipamentos chegariam amanhã.

Antes da manifestação de Athié, o Ministério Público Federal (MPF) do Rio de Janeiro já havia pedido o afastamento do desembargador por considerar que as ligações anteriores dele com o advogado de Cavendish comprometiam a imparcialidade e o distanciamento necessário à apreciação do processo, como afirmou a procuradora regional no recurso, Mônica de Ré. “Sem pretender fazer juízo de mérito sobre o julgamento realizado, não há como se recusar a constatação de que as circunstâncias descritas retiram do magistrado o distanciamento e a imparcialidade necessários à apreciação desse processo, sobretudo pelo fato de Fernando Cavendish constar como parte.”

As defesas do ex-dono da Delta, de Cachoeira e do empresário Adir Assad recorreram ontem ao Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo que seja autorizada a prisão domiciliar.