Caiado se posiciona após decisão que o torna inelegível por 8 anos: “jamais pratiquei ilícito moral ou eleitoral”

Ronaldo Caiado, na tarde desta quarta-feira, durante entrevista coletiva em que comentou decisão que o torna inelegível
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O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, concedeu entrevista nesta quarta-feira (11) para comentar a decisão da Justiça Eleitoral que o tornou inelegível por oito anos. A sentença de primeira instância está relacionada a uma reunião com vereadores e suplentes no Palácio das Esmeraldas, que, segundo a decisão judicial assinada pela juíza eleitoral Maria Umbelina Zorzetti, da 1ª Zona Eleitoral de Goiânia, configuraria abuso de poder político e uso da máquina pública.

Caiado iniciou sua fala reafirmando sua confiança na Justiça. “Eu sou um homem que acredita na Justiça. Durante toda a minha trajetória eleitoral, sempre agi com extremo cuidado e respeito às normas eleitorais”, afirmou. “Eu sempre pautei a minha vida política no cumprimento das normas legais e jamais pratiquei um ilícito moral ou eleitoral que possa desabonar a minha trajetória de vida”, disse.

O governador justificou que o encontro com vereadores teve como objetivo discutir a grave crise na saúde pública de Goiânia, que estaria em colapso, e não foi usado como palanque político.

Ele comparou a situação com outros casos, citando reuniões realizadas por líderes políticos em residências oficiais, como o Palácio da Alvorada, em Brasília. “Não podemos ter dois pesos e duas medidas. Reuniões semelhantes foram feitas em outras gestões, como nos períodos de Dilma Rousseff, Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva, sem que fossem questionadas da mesma forma”, argumentou.

Apesar de respeitar a decisão judicial, Caiado ressaltou que seus advogados recorrerão às instâncias superiores. “Não cabe a mim discutir a decisão da Justiça. Tenho plena confiança de que as instâncias superiores darão uma resposta justa e equilibrada”, disse.

Questionado sobre como a decisão impacta seus planos políticos, Caiado foi enfático. Ele confirmou que lançará sua pré-candidatura à Presidência da República em março, em Salvador, pelo União Brasil. “Isso já está consolidado. Continuo debatendo temas importantes para o país e estarei à disposição do partido e da sociedade”, declarou.

A decisão

A juíza eleitoral Maria Umbelina Zorzetti decidiu pela inelegibilidade por oito anos do governador Ronaldo Caiado e dos candidatos eleitos a prefeito da capital Sandro Mabel e da vice-prefeita Cláudia da Silva Lira, sob alegação de abuso de poder político e prática de condutas vedadas pela legislação eleitoral. Da decisão, da qual cabe recurso ao Tribunal Regional Eleitoral de Goiás (TRE-GO), também determina a cassação do registro de candidatura de Mabel e Cláudia.

A medida foi tomada na Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) movida pela coligação “Goiânia Acima de Tudo” e pelo candidato a prefeito Frederico Gustavo Rodrigues da Cunha.

De acordo com a decisão, os investigados utilizaram a estrutura do Palácio das Esmeraldas, residência oficial do governador, para realização de eventos em apoio à campanha eleitoral dos candidatos Sandro e Cláudia. A sentença destacou que os encontros, realizados nos dias 7 e 9 de outubro de 2024, tiveram caráter político, com discursos e orientações para obtenção de apoio eleitoral, em violação ao princípio de igualdade entre os concorrentes.

O Ministério Público Eleitoral manifestou-se pela procedência da ação, sustentando que os atos praticados configuram uso indevido de bens públicos e violam o artigo 73 da Lei nº 9.504/97. A juíza Maria Umbelina apontou que, embora os investigados alegassem tratar-se de reuniões institucionais, as provas apresentadas, incluindo vídeos e declarações, indicaram claramente o intuito eleitoral dos eventos.