Mês de mar(ç)o: um mar(c)o na luta das mulheres?

*Valéria Alves dos Reis Menezes

Nos dias 05 e 06 de março de 2020, desembarcávamos em Fortaleza (CE), num misto de sonhos, em busca de direitos de igualdade, equidade e do protagonismo feminino, em prol de uma sociedade mais justa, paritária e democrática. A temática da Conferência era bastante atrativa: “Igualdade, Liberdade e Sororidade”. Uma comitiva que muito nos orgulhou. Fomos quase 70 advogadas representar Goiás. A maior em números. Mulheres de toda a parte do Estado de Goiás deixaram seus lares, escritório e afazeres, para debater o papel da advogada no cenário moderno.  Lá, nos identificamos. Apesar de representarmos 50% da advocacia brasileira, não temos voz e vez. Somos a minoria nos cargos de destaque. A nossa liberdade, por muitas vezes, é silenciada. E não sabemos a motivação. Sofremos violência de gênero quando nos destacamos.

Difícil de acreditar?  Então, se liga no fato: estávamos saindo de uma explanação e uma colega nos abordou, mostrando uma figura – a “escala coador”, enviada num grupo de WhatsApp fazendo analogia de como estaríamos no momento de nossa palestra. A violência começa no desrespeito, na depreciação, no constrangimento e na humilhação. Essa mesma violência dá azo à violência doméstica e ao feminicídio. As mulheres precisam ser valorizadas em todos os espaços. Homens ainda ignoram o fato de serem filho dela ou casado com uma. Avançamos com a aprovação da Paridade na OAB. Ao mesmo tempo, conseguimos também a desaprovação de muitos, pelo mesmo motivo.

Num trocadilho com Simone de Beauvoir, que disse “não se nasce mulher, torna-se”, acredito que o homem não nasce machista, mas cresce num ambiente hostil. Pois bem, cabe a nós mulheres e mães educarem seus filhos para que saibam respeitar as mulheres. Pais, cabem a vocês propiciar uma educação harmoniosa entre os gêneros, até mesmo nos afazeres domésticos. Neste mês de março, reflitam sobre suas ações!

Que este mês de março seja o ‘marco’ da mudança de consciência pelo reconhecimento da mulher. Este mês simbolize a luta feminina incessante. A mulher quer respeito, igualdade de oportunidades, direito de voz e vez. Não quer ser a última da fila, da fala, da chapa. Quer ser a metade da mesa e ter a metade dos votos. Queremos fazer história juntamente com vocês, por “um mundo onde sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres”.

*Valéria Alves dos Reis Menezes é secretária-geral da Casag