A falta de empresas médias leva à falta de uma classe média com poder maior de compra. O elevado número de empresas pequenas exige uma mão de obra menos qualificada e, portanto, menos produtiva e mais barata. Essa conexão (falta de empresas médias + falta de classe média) não favorece o crescimento econômico do Brasil.
O que torna um mercado mais produtivo é a dinâmica das médias empresas, pois isto aumenta a competitividade e inovação. Não fosse apenas isto, esta dinâmica atrai altos executivos, aumenta a pressão competitiva (sair da zona de conforto) e atrai uma mão de obra mais qualificada. Isto estimula um crescimento orgânico do consumo e da economia, tornando a geração de riqueza mais constante e o crescimento do Estado mais sustentável.
É neste cenário que o empresariado tem que se colocar. As premissas de se fazer negócios estão em fase de transição e o jogo do sistema do capital deve ser observado, sob pena de ser apenas um pequeno empreendedor coadjuvante na potencial abertura do mercado para o mundo competitivo.
Conglomerados globais tendem a explorar os recursos naturais e a mão de obra brasileira, bem como vender seus produtos, serviços e soluções para o mercado do Brasil. Estes players possuem boa governança, transparência, executivos bem remunerados e são extremamente agressivos na busca de seus objetivos.
O fato é que o cenário para as empresas locais não é dos melhores. Com exceção de algumas poucas empresas de grande porte e atuação multinacional, a grande parte do mercado brasileiro é formado por empresas de pequeno porte (faturamento até R$ 200 milhões de reais) que são facilmente absorvidas e substituídas num cenário de abertura da economia e escassez de crédito subsidiado (público).
As empresas brasileiras, em sua maioria, estão num contexto de mercado emergente e estrutura familiar e isto significa: i. pouca pressão para crescer; ii. Pouco incentivo para gestor não familiar; iii. Aversão a diluição de patrimônio e, iv. Menos propensão à alavancagem. Além destes elementos, são famílias empresárias que tendem a ser paranoicas em relação a abrir informações sobre o seu negócio e tendem a supervalorizar o preço de suas empresas.
Portanto, é necessário mudar o mindset em relação ao modelo de se fazer negócio no Brasil, sob pena destas empresas familiares não suportarem a concorrência que está por vir ou não existir por falta da estrutura de crédito que prevaleceu até então.
O entendimento do risco-retorno nunca foi tão necessário como agora. Quanto maior o risco, maior o retorno. E num cenário de Juros Reais perto de 1% e se consolidando neste patamar, é necessário assumir mais riscos nos investimentos e, principalmente, nos negócios.