A ressignificação das empresas

*Fernanda Ayres Borges Layunta Bontempo e Pâmela Sthéfanny Martins Menezes

O novo Coronavírus tomou repercussão mundial e afetou todos os aspectos de nossas vidas. Sem dúvida é um marco histórico para a nossa geração. Diversos desafios foram lançados e para enfrentá-los tivemos de criar armaduras em diversas áreas a fim de preservar nossas necessidades físicas, mentais, laborais e de subsistência.

Primeiramente, a pandemia nos trouxe grandes incertezas relacionadas à saúde, haja vista o ineditismo da doença (COVID-19) e seus possíveis desdobramentos, sendo que fomos orientados a manter o distanciamento social como principal medida preventiva. Para tanto, as autoridades competentes determinaram a suspensão das atividades empresariais presenciais, com exceção das atividades essenciais (estabelecimentos de saúde, cemitérios, funerárias, agências bancárias, etc.).

A necessidade do distanciamento social atingiu completamente as relações laborais, posto que o regime de trabalho adotado era majoritariamente presencial, de modo que as empresas tiveram de se reinventar para enfrentar a emergência de saúde pública de importância internacional.  E, quando se fala em reinventar é realmente criar novas formas de sobrevivência diante um cenário incerto de regras, modelos e parâmetros.

As empresas precisaram buscar leis e diretrizes a fim definir as condutas a serem tomadas visando dar continuidade às suas atividades e garantir a segurança de seus colaboradores. Assim, diversas medidas foram necessárias visando à prevenção, o controle e a mitigação dos riscos de contágio entre os colaboradores, dentre elas confecção de Protocolos de Segurança e aplicação de Medidas Disciplinares.

Ademais, as empresas tiveram de ter empatia com os colaboradores que sofriam diante o pânico mundial instalado e, especialmente, com as colaboradoras que são mães e têm multitarefas.

Iniciou-se um novo tempo! Tempo de empresas com grande capacidade de adaptação, inovação e humanização, posto que diante de tantas incertezas trazidas por uma nova doença, estas precisam estar preparadas para lidar com quaisquer situações, lutar para sobreviver, vender, buscar incentivo fiscal, traçar planejamento, seguir inúmeros decretos, portarias e diretrizes e, acima de tudo, ser empática com seus colaboradores.

Sendo assim, as empresas estão tomando diversas medidas visando garantir a segurança de seus colaboradores e manutenção dos empregos, cumpre destacar a adoção do home office, redução da jornada de trabalho e suspensão dos contratos de trabalho.

Faz-se necessário ressaltar a adoção do home office, posto que permite a continuidade das atividades laborais de forma remota, oportuniza a continuidade do trabalho de muitas colaboradoras que são mães e estão com seus filhos em homeschooling e viabiliza o distanciamento social.

Ao falarmos de home office é necessário estabelecer uma relação com as políticas de compliance.

Entende-se por compliance a observância da lei e de normas internas, bem como a conformidade com princípios éticos e morais. Portanto, a adoção de políticas de compliance passa a ser crucial em todos os setores das empresas a fim de fiscalizar e garantir aplicação de medidas necessárias à prevenção, controle e mitigação de riscos.

Nesta senda, a implementação de políticas de compliance guarda direta relação com o home office, haja vista que tem como escopo publicizar e conscientizar os colaboradores acerca das condutas a serem adotadas ao exercerem suas atividades fora das dependências das empresas, bem como acerca dos cuidados que devem tomar para que outras pessoas de seu convívio não tenham acesso aos dados, documentos e/ou reuniões realizadas em home office, de modo a garantir que o trabalho remoto seja exercido em conformidade com as leis e com os regulamentos internos das empresas.

Por fim, faz-se necessário que as empresas ressignifiquem as relações com seus clientes, eis que a pandemia modificou o comportamento da sociedade e criou novas necessidades e anseios.

O mercado tornou-se mais competitivo e, agora, entender a necessidade do cliente e tratá-lo de forma mais humanizada passa a ser um diferencial e requisito de sobrevivência nos novos tempos.

A posição humanizada das empresas passa a ser mais explícita em sua comunicação interna e externa com o seu cliente, de modo que passa a ser priorizada a empatia, a simplicidade, o fortalecimento das relações interpessoais e a busca de soluções específicas para as necessidades dos clientes.

Ante todas as incertezas e mudanças trazidas pela pandemia, as empresas terão de ter um olhar mais empático e humano com seus colaboradores e clientes, bem como deverão buscar novos caminhos para o desenvolvimento de suas atividades (tal como: home office, entre outros) e reforçar suas políticas de compliance a fim de garantir mitigações de riscos e obter meios de incentivo e economia.

Os desafios são grandes, mas a capacidade de adaptação, inovação e reinvenção nos é inerente, de modo que a atividade empresarial está sendo ressignificada, priorizando as pessoas – colaboradores e clientes.

*Fernanda Ayres Borges Layunta Bontempo é diretora Jurídica e Pâmela Sthéfanny Martins Menezes é advogada, graduada pela UFG/GO