Advogados de João de Deus deixam a defesa do médium após sete meses de trabalho

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Marília Costa e Silva

Passados sete meses das primeiras denúncias de abuso sexual feitas por frequentadoras da Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia, contra João Teixeira de Faria, conhecido como João de Deus, a defesa do médium divulgou, nesta quarta-feira (24), nota em que avisa que está deixando o caso. Assinado por noves advogados – Alberto Zacharias Toron, Alex Neder, Luísa Moraes Abreu Ferreira, Renato Martins, Paulo Sergio Coelho, Giovana Paiva, André Perasso, Eduardo Macul e Robert Koller -, o documento não traz os motivos para a renúncia.

Conforme a nota recebida pelo Rota Jurídica, a renuncia ocorre após intensos trabalhos com a realização de quase uma centena de audiências de norte a sul do Brasil, bem como a impetração e sustentação oral de inúmeros habeas corpus e recursos perante o Tribunal de Justiça de Goiás, o Superior Tribunal de Justiça e o Supremo Tribunal Federal (STF).

“Por imperativo ético, não podemos declinar as razões. Contudo, reiteramos nossa confiança na inocência do Sr. João e repudiamos a irreparável injustiça de manter preso preventivamente, sem os devidos cuidados médicos, um homem de 77 anos, doente, que ainda aguarda um veredicto sobre as acusações lançadas contra si. Confiamos que em um futuro breve a verdade e a Justiça sejam restabelecidas”, frisam os advogados que assinam o documento.

A equipe que atuou na defesa de João de Deus desde que ele foi preso no dia 16 de dezembro do ano passado garante que seguirá respondendo profissionalmente nas ações apenas pelo período de dez dias, a partir da renúncia desta quarta-feira.

9ª  Denúncia

A renúncia da defesa ocorre um dia depois de o Ministério Público de Goiás (MP-GO) ter oferecido mais uma denúncia contra o médium por estupro de vulnerável contra mais seis vítimas. Os crimes aconteceram, segundo o órgão ministerial, na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia, durante atendimento individual em sala privativa.

Segundo os promotores integrantes da força-tarefa que apura os crimes praticados pelo médium, todas as vítimas apresentavam algum tipo de vulnerabilidade. Além disso, o denunciado fazia uso de seu poder e prestígio de líder espiritual, nacional e internacionalmente reconhecido, para vencer a vontade das vítimas e perpetrar as agressões.

Segundo a força-tarefa criada pelo MP-GO para apurar as denúncias de crimes praticados por João Teixeira de Faria, cinco vítimas são provenientes do Estado de São Paulo e uma do Estado do Rio Grande do Sul.

Esta é a nona ação penal contra João Teixeira de Faria protocolada no Fórum de Abadiânia por crimes sexuais. Outras duas denúncias por porte ilegal de armas foram oferecidas. Também está em curso ação civil pública para ressarcimento de danos morais.