Advogado fala palavrão enquanto aguardava vez para sustentação oral virtual e pede desculpas formais pelo ocorrido

Marília Costa e Silva

Gafes têm sido recorrentes durante o período de trabalho remoto na pandemia. Com as audiências virtuais, algumas cenas tem ganhado destaque pelo inusitado. Nesta quinta-feira (10), um advogado de Goiânia não percebeu que o áudio do seu microfone estava aberto enquanto aguardava a vez de fazer sustentação oral e disse um palavrão ao tentar localizar no monitor a imagem do desembargador Norival Santomé, integrante da 6ª Câmara Cível Tribunal de Justiça do Estado de Goiás.

O magistrado se sentiu ofendido e fez questão de nominar o causídico afirmando que ele agiu com grosseria, deselegância e falta de ética. Cenas da sessão ganharam repercussão ontem nas redes sociais. No entanto, o advogado afirma que o palavrão não teve o objetivo de ofender ninguém, “vez que a expressão sinalizou mera insatisfação com o problema técnico”.

Além disso, segundo ele, ao dizer “cadê a porra do Norival? Há tá aí” não se referia especificamente ao desembargador, mas sim ao aplicativo Cisco Webex Meetings (“quadradinho” com a imagem do desembargador), que naquele momento não estava permitindo que ele tivesse uma visualização simultânea de todos os magistrados que participavam da sessão de julgamento.

“Para minha infelicidade, somente o áudio foi aberto, pois se a câmera de vídeo também estivesse aberta ficaria mais do que evidenciado o que realmente aconteceu, pois mostraria que este causídico estava procurando a imagem do ‘quadrinho’ correspondente ao do desembargador Norival Santomé”, afirmou o advogado, ao conversar sobre o caso com o Rota Jurídica. Ele disse que já pediu para que fosse juntado aos autos um pedido de desculpas formais ao magistrado pelo ocorrido.

Outras gafes

O desembargador Carmo Antônio de Souza, do Tribunal de Justiça do Amapá (TJ-AP), também protagonizou uma gafe durante uma reunião com outros colegas do órgão pelo aplicativo Zoom. Sem saber que todos estavam na sala sendo gravados ele iniciou a sessão sem camisa. Ao perceber o fato, ele se retirou e depois retornou vestido.

O procurador Pedro Paulo também cometeu uma gafe. Ele soltou um “pum” durante uma sessão virtual do Tribunal de Justiça do Mato Grosso (TJ-MT). O som foi registrado pois ele esqueceu o microfone ligado.

Quem também protagonizou um deslize foi procurador Ministério Público da Paraíba (MPPB) José Raimundo, que tirou um cochilo de cerca de três minutos durante sessão de julgamento realizada pela Câmara do Tribunal de Justiça da Paraíba (TJPB) por videoconferência. Nas imagens, é possível ver os outros participantes da reunião rindo ao perceber o descanso do colega.

“Estou em home office, meu Rei”, inovou um advogado baiano ao participar de uma audiência por videoconferência deitado em uma rede.

O desembargador José Manzi, do Tribunal Regional do Trabalho da 12 Região, foi outro que não percebeu que o microfone dele estava ligado e disparou: “isso, faz essa carinha de filha da puta” ao ouvir sustentação oral de uma advogada.

O ministro Gilmar Mendes também soltou “porra” enquanto se retirava ao fim de uma live, sem saber que a gravação também continuava. Ele pediu desculpas pelo ocorrido.

OAB recomenda atenção ao decoro

Seguindo orientação da Corregedoria Nacional da OAB e conforme artigo 58, XI, do Estatuto da Advocacia, a Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Goiás (OAB-GO) recomenda à advocacia que fique atenta ao decoro, às posturas profissionais, aos trajes e ao ambiente escolhido para participar de sessões virtuais de julgamento.

A Seccional Goiana destaca a indispensabilidade do advogado à justiça, portanto, seu mister deve ser exercido perante os tribunais, seja presencial ou virtualmente, conforme o decoro do ato solene, respeitando a postura exigida pelo papel social, com atenção e zelo às vestimentas e ao ambiente onde participar das audiências e sessões virtuais.