O juiz Lourival Machado pronunciou nesta semana o tabelião Maurício Sampaio, os policiais militares Ademá Figueredo Aguiar Filho e Djalma Gomes da Silva, o motorista Urbano de Carvalho Malta e o açougueiro Marcus Vinícius Pereira Xavier, o Marquinhos. Eles são réus no caso Valério Luiz, cronista assassinado em julho de 2012. A pronúncia significa que eles serão julgados por júri popular.
Na pronúncia, o juiz afirmou que, “pela análise da prova, restou patenteada a materialidade do delito, e presentes indícios suficientes da autoria imputada aos acusados, autorizando um juízo de pronúncia, a fim de que estes sejam submetidos a julgamento popular”. Ele acrescentou ainda que, muito embora a defesa dos acusados seja uníssona quanto à negativa de autoria, cumprindo à acusação o ônus da prova, os elementos constantes nos autos não se mostram aptos para impronunciar os acusados.
O Ministério Público de Goiás denunciou Ademá Figueredo e Maurício Sampaio nas sanções do artigo 121, § 2º, incisos I e IV (última figura) do Código Penal – homicídio qualificado, mediante paga ou promessa de recompensa e à traição, de emboscada. Os demais envolvidos foram denunciados no artigo 121, § 2º, incisos I e IV (última figura) c/c artigo 29 (coautoria), todos do Código Penal. Atualmente, o caso é acompanhado pelos promotores de Justiça Maurício Gonçalves de Camargo e Paulo Pereira dos Santos. Ainda não foi definida a data para o Júri.
A denúncia
Segundo apontado na denúncia, oferecida pelos promotores de Justiça Eni Lamounier, Maurício Gonçalves de Camargo e Paulo Pereira dos Santos em março de 2013, o inquérito policial apontou que, no dia do crime, por volta de 14 horas, a poucos metros da porta de saída da Rádio Jornal 820 AM, o denunciado Ademá Filho, contando com a participação dos demais denunciados, deu vários tiros na vítima, causando-lhe a morte imediata.
De acordo com o inquérito policial, conduzido pela Delegacia de Investigações de Homicídios (DIH), em razão das constantes e enfáticas críticas que o radialista fazia à diretoria do time de futebol Atlético Clube Goianiense, da qual Maurício Sampaio era vice-diretor, este mantinha acirrada animosidade e ressentimento pela vítima. Conforme notícias constantes na apuração, os desentendimentos duravam dois anos.
Segundo o inquérito, como consequência destas desavenças, Maurício Sampaio, inclusive tentou, junto à Diretoria da PUC-TV, afastar Valério Luiz da emissora, onde ele mantinha um programa esportivo diário, chegando, inclusive, a oferecer uma vantagem financeira à diretoria.
Consta ainda do inquérito que, mesmo proibindo a entrada de equipes jornalísticas da Rádio Jornal 820 e da PUC-TV nas dependências do clube, sob a alegação de que Valério Luiz era persona non grata, Maurício Sampaio passou a planejar a morte da vítima. Leia sobre detalhes da denúncia no Saiba Mais.
Extradição
O juiz também enviou ao Ministério da justiça o pedido de extradição de Marquinhos. Agora, a Divisão de Medidas Compulsórias do órgão deve encaminhar o pedido ao Ministério das Relações Exteriores por meio de Aviso Ministerial, que vai formalizá-lo às autoridades portuguesas. Cópias das denúncias, o mandado de prisão e a decisão do Lourival serão encaminhados para embasar o pedido.
No dia 8 de agosto, o magistrado goiano havia recebido comunicado do Escritório da Interpol em Goiás informando a captura dele em Portugal. Marquinhos foi preso no dia anterior pela polícia portuguesa, após ter o nome incluso na lista de foragidos da Interpol. O paradeiro do acusado era desconhecido desde março, mas imagens postadas na internet mostraram que ele estava vivendo na Europa.
No dia 24 daquele mês, o juiz decretou a prisão do réu e a Justiça enviou o mandado à polícia internacional, já que o suspeito descumpriu condições do habeas corpus, recebido em junho de 2013. Fotos encontradas na página pessoal da esposa do açougueiro no Facebook retratavam a família em uma região supostamente localizada em Portugal. O perfil foi deletado após divulgação das imagens.
Medo
O caso
Valério Luiz foi executado a tiros aos 49 anos quando saía da então “Rádio Jornal 820 AM”, no Setor Serrinha, em Goiânia. O cronista era filho do também comentarista esportivo Manoel de Oliveira, o Mané de Oliveira. As investigações apontaram que o jornalista foi morto pelas duras críticas dirigidas a diretoria do Atlético Clube Goianiense (ACG) no Jornal de Debates, na “Rádio Jornal”, e no programa Mais Esporte, da “PUC TV”.
Ex-presidente do time, o cartorário Maurício Sampaio é o acusado de ser o mandante do crime e responde em liberdade. Em junho de 2013, o juiz Antônio Fernandes de Oliveira concedeu habeas corpus aos quatro acusados de envolvimento na morte do radialista: Marquinhos, o cabo da Polícia Militar Ademá Figueredo, o sargento Djalma da Silva e o motorista Urbano de Carvalho Malta.