Pesquisa revela que metade dos brasileiros já sofreu algum tipo de assédio no trabalho

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47,3% das pessoas ouvidas na pesquisa afirmaram ter sofrido assédio moral no trabalho
Uma pesquisa realizada pelo portal Vagas.com em parceria com a BBC Brasil divulgada nesta segunda-feira (15/6) revelou que 52% dos brasileiros já foram vítimas de assédio moral ou sexual. Segundo o advogado especialista em Direito do Trabalho Antônio Pereira de Santana (http://www.antoniopereira.com.br), os dados comprovam aquilo que já se observa em seu escritório.

“Os casos de assédio no trabalho são crescentes na Justiça Trabalhista, sobretudo porque os trabalhadores têm tido cada vez mais confiança na punição e têm mais coragem de denunciar. Entretanto, é preciso que o volume de denúncias seja muito maior, porque muitas pessoas, fragilizadas, acabam desistindo do processo”, afirma o advogado.

O advogado Antônio
O advogado Antônio Pereira diz que os casos de assédio são crescentes na Justiça Trabalhista

A pesquisa revela que, entre as pessoas que sofreram assédio, apenas 12,5% chegaram a denunciar. Para Santana, as vítimas de assédio muitas vezes demoram a perceber a gravidade do problema e, quando já estão no limite da tolerância, estão fragilizados demais para enfrentar um processo judicial.

“Muitas vezes, o trabalhador prefere mudar de emprego. Teme represálias dentro da própria empresa ou no mercado, o que dificultaria conseguir novo trabalho”, observa.

A pesquisa ouviu 4.975 de todas as regiões do país no fim de maio. Tanto entre casos de assédio moral, quanto sexual, mulheres são as principais vítimas. “Temos uma cultura profundamente machista, em que o homem acredita ter uma ascenção, autoridade sobre o sexo feminino. Isso tem como consequência uma realidade nefasta: absorvidas por esse pensamento muitas vezes a vítima se sente culpada”, observa Santana.

Segundo a pesquisa, 11% das vítimas que não denunciaram o fizeram por vergonha e 8,2%, por medo de os colegas acharem que era sua culpa. Dentre os casos que recebe em seu escritório, o advogado diz que esses são os mais graves.

Denuncie
Para Antônio Pereira de Santana, a solução para esse quadro em que metade dos trabalhadores sofrem abusos é denunciar. “Pressão excessiva, piadas ofensivas e intimidações não são normais, pelo contrário, são graves infrações à lei e não podem ser tolerados”, afirma.

O primeiro passo seria procurar o departamento de Recursos Humanos na empresa. Caso não se sinta seguro ou as providências tomadas não surtam efeito, é indispensável procurar um advogado.

“Há casos em que o trabalhador pede demissão e depois recorre à justiça, o que é inadequado. É fundamental antes de qualquer providência drástica consultar um advogado. Quando você sente um problema de saúde, primeiro procura um médico, depois toma as providência, assim deve ser feito quando o que está em jogo são os seus direitos.”

Pesquisa sobre assédio moral e sexual no ambiente de trabalho
Você já sofreu algum tipo de assédio no trabalho?
Assédio moral: 47,3%
Assédio sexual: 9,7%
Não: 48%
(Soma é superior a 100%, porque alguns já foram vítimas dos dois tipos de assédio.)

Sofreu assédio moral
Homens: 48,1%
Mulheres: 51,9%

Sofreu assédio sexual
Homens: 20,1%
Mulheres: 79,9%

Se não sofreu assédio, já presenciou algum abuso?
Sim: 33,5%
Não: 66,5%

Se sofreu assédio, denunciou o agressor?
Sim: 12,5%
Não: 87,5%

Por que não denunciou?
Medo de perder o emprego: 39,4%
Medo de sofrer represália: 31,6%
Por vergonha: 11%
Receio de acharem que era minha culpa: 8,2%