Justiça suspende portaria do Detran-GO e autoriza retorno de instrutores afastados por suspeita de fraudes

Publicidade

Liminar concedida pela juíza Liliam Margareth da Silva Ferreira, da 6ª Vara da Fazenda Pública Estadual de Goiânia, suspendeu os efeitos da Portaria nº 152/2025, que havia determinado o afastamento cautelar de instrutores de trânsito no âmbito de uma investigação interna do Departamento Estadual de Trânsito de Goiás (Detran-GO). Com a decisão, os profissionais podem retornar às suas atividades até o julgamento final do mandado de segurança.

A ação judicial foi movida por três instrutores que contestaram a medida administrativa por considerá-la desprovida de fundamentação individualizada, com prazo de vigência indefinido e em desacordo com os princípios da legalidade, razoabilidade e proporcionalidade.

A magistrada reconheceu a plausibilidade das alegações e destacou que a suspensão imposta pelo órgão contraria normas legais, como a Resolução nº 358/2010 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), que estabelece prazos máximos de suspensão de até 60 dias.

A decisão liminar foi motivada ainda pelo risco de prejuízo à subsistência dos impetrantes e de suas famílias, fator caracterizado como “periculum in mora”. A magistrada também deferiu o benefício da gratuidade da justiça, diante da comprovação da hipossuficiência financeira dos autores, representados no mandado de segurança pelos advogados Bruno Henrique de Souza Borges, Igor Sulivan da Silva Lemes e Juacy dos Reis Lira.

A suspensão dos instrutores

A suspensão dos instrutores, determinada pelo Detran-GO no último dia 21 de fevereiro, ocorreu no contexto de uma apuração interna que apontou indícios de fraude no registro das aulas práticas de motocicleta. Segundo o órgão, 30 instrutores foram afastados sob suspeita de validar aulas de maneira irregular, inclusive fora das dependências oficiais.

De acordo com o presidente do Detran, Waldir Soares, há registros de validação de aulas realizadas de locais como salas, cozinhas, quartos e até banheiros — quando os profissionais deveriam estar obrigatoriamente nas pistas de treinamento do órgão.

Em coletiva de imprensa concedida no dia 25 fevereiro, o presidente do Detran revelou que candidatos à Carteira Nacional de Habilitação (CNH) que participaram das fraudes também teriam seus documentos suspensos. Além disso, a assessoria do órgão confirmou que outros cinco instrutores estariam sendo investigados.

A investigação abrange autoescolas localizadas nos municípios de Goiânia, Anápolis, Aparecida de Goiânia, Caldas Novas, Formosa, Hidrolândia, Trindade e Alexânia. As irregularidades envolvem, segundo o Detran, abertura e encerramento de aulas sem a presença física nas pistas, uso de validação facial e digital em locais indevidos, ausência de uniforme, registro de aulas em veículos de quatro rodas, além de comportamentos inadequados como fumar durante a atividade e uso de celulares diferentes para burlar o sistema de verificação.

Processo: 5152859-57.2025.8.09.0051