Reuniões virtuais e até votação on-line são tendências nas eleições da OAB-GO, afirma a pré-candidata Valentina Jungmann

Marília Costa e Silva

A pré-candidata à presidência da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Goiás (OAB-GO), Valentina Jungmann, promoveu no início da semana reunião virtual com apoiadores para reafirmar sua intenção de concorrer às eleições de novembro. Na ocasião, também começaram a ser discutidas composições para a chapa, que deverá, conforme novo regramento aprovado no ano passado e publicado nesta quarta-feira (14) pelo Conselho Federal da OAB, respeitar um porcentual de 50% para cada gênero. Além da política de cotas raciais para negros (pretos e pardos), no percentual de 30% já em 2021.

Ao Rota Jurídica, Valentina conta que estará atenta às regras, pois entende que elas permitirão que a Ordem ganhe ainda mais legitimidade para participar ativamente do debate nacional. “”São duas mudanças históricas para a OAB”, frisa Valentina, que foi a responsável por levar ao Conselho Federal o projeto sobre a paridade de gênero.

Ela conta que no Brasil são mais de 1,2 milhão de inscritos e, desse número, a metade, praticamente, é formada por mulheres advogadas. Apesar disso, em nenhuma das 27 seccionais tem uma mulher no comando. “E o mais interessante é que se nós olharmos a história de 90 anos da OAB, nós perceberemos que apenas dez presidentes de seccionais foram advogadas”, afirma.

Atualmente, o Conselho Federal da OAB possui 81 conselheiros titulares. Destes, apenas 23 são mulheres, o que correspondente a um pífio total de 28,3%. Valentina é a única mulher representando Goiás no CFOAB, onde permanece por dois mandatos. “Por isso entendo que não podia deixar meu nome fora da disputa deste ano”, afirma, acrescentado “quando temos uma paridade, legitimamos um regime democrático de forma interna. É chegada a hora da OAB avançar neste sentido”.

Encontros on-line

Além da paridade, em virtude da pandemia da Covid-19, a mobilização para as eleições da OAB-GO devem ser diferentes. Valentina destaca que, nesta semana, ao invés de conversar pessoalmente com os amigos e apoiadores, teve de se encontrar com eles virtualmente. “E, mesmo se advir um cenário positivo de vacinação, creio que dificilmente conseguiremos imunizar todos antes do pleito de novembro, o que forçará que a campanha se dê em encontros on-line. Ou mesmo em reuniões intimistas, com poucos presentes e respeitando todas as normas de segurança sanitárias”, frisa.

Eleições virtuais

Além disso, a pré-candidata afirma que em um cenário onde não se solucionou de vez os problemas da pandemia, pode ser que a OAB-GO seja compelida a optar pela votação on-line. “E essa modalidade ainda não adotada em nenhuma seccional até o momento, prevista apenas no Distrito Federal, pode ser mais segura e até mais econômica tanto para as chapas quanto para o próprio sistema OAB”, afirma Valentina, que se aposentou recentemente do cargo de procuradora do Estado de Goiás.

De acordo com Valentina, essa aposentadoria vai permitir que ela se dedique ainda mais à OAB-GO, entidade na qual ela já atuou em várias esferas. Além dos dois mandatos de conselheira federal, já foi conselheira seccional, diretora-geral da Escola Superior da Advocacia (ESA) e vice-presidente da seccional goiana.

Sem dissidência

Com a decisão de se lançar pré-candidata, Valentina tem entre os seus colegas da atual administração da OAB dois que devem também participarem do pleito como candidatos à presidência. Rafael Lara Martins recebeu, na semana passada, o apoio do presidente Lúcio Flávio de Paiva. Quem também já manifestou interesse em concorrer é o presidente da Caixa de Assistência dos Advogados de Goiás (Casag), Rodolfo Otávio Mota.

Mesmo com concorrentes dentro do próprio grupo, Valentina não se considera dissidente e nem mesmo oposição. “A democracia em que vivemos é maravilhosa e permite que todos possam colocar seu nome à disposição dos colegas”, frisa Valentina. Além dos colegas da atual gestão, um grupo de advogados de oposição já lançou a pré-candidatura de Júlio Meirelles. Outro nome da Nova Ordem também não está descartado: Pedro Paulo Guerra de Medeiros ou André Abrão.