Lulu muda no Brasil e só homens que optarem serão avaliados no app

O aplicativo Lulu, que permite que mulheres avaliem anonimamente seus amigos do Facebook e causou polêmica no seu lançamento no Brasil, anunciou duas mudanças na ferramenta exclusivas para o País. A partir desta segunda-feira, somente homens que optarem por participar do Lulu serão avaliados no aplicativo. Além disso, o Lulu permitirá até o Natal que os homens tenham acesso à sua nota na brincadeira, informação até agora estava disponível apenas para mulheres.

O Lulu chegou ao Brasil em novembro e permite apenas que mulheres deem notas e opiniões anônimas sobre homens. O serviço fez sucesso, mas gerou discussões a respeito da privacidade na internet e enfrentou ações na Justiça. Todo o barulho, porém, alavancou o Brasil como o país com mais usuários no serviço.

“O Brasil é o país número 1 para o Lulu em número de usuários. O que demoramos nove meses para alcançar nos Estados Unidos, no Brasil levou apenas três semanas, e nós somos muito grandes nos Estados Unidos: uma em cada quatro universitárias usam o Lulu”, disse ao Terra a diretora global de Marketing do Lulu, Deborah Singer.

Segundo a executiva, o Lulu tem no Brasil 3 milhões de usuárias mulheres, que visitam o Lulu uma média de nove vezes por dia. Desde o lançamento, essas usuárias já realizaram mais de 500 milhões de visualizações de perfil. Além disso, 500 mil homens fizeram login na ferramenta na tentativa de ver sua nota. Segundo Deborah, foi o alto número de homens cadastrados no serviço que levou a empresa a realizar as mudanças, que acontecem só por aqui.

“Mais de 500 mil homens já se logaram no Lulu, e sabemos que há mais 1 milhão querendo saber sua nota”, disse. “Nós lançamos um site onde os meninos podem acessar e ver sua nota média. Nós estamos fazendo isso como um presente de Natal”, disse.

Os garotos que visitarem o site especial e entrarem no Lulu até a noite de Natal, 25 de dezembro, poderão ver sua nota geral. “É o pedido número 1 dos meninos que nos dão feedback sobre o aplicativo”, disse a executiva. Segundo a diretora do Lulu, os brasileiros são os homens mais bem avaliados do mundo com uma nota média de 7,8, acima da média mundial, 7,5. “Nós estamos chamando esses caras internamente de ‘bons partidos'”, disse Deborah, arriscando o “bons partidos” em bom português.

Processos
A mudança mais significativa, porém, será a inclusão somente dos homens que optarem por participar do aplicativo e quiserem ser avaliados na brincadeira. “Até agora, as garotas podiam ver tanto os caras que se cadastraram no Lulu quanto seus amigos homens do Facebook. Nós fizemos uma mudança e agora as mulheres podem ver e fazer avaliações apenas de homens que fizeram login no serviço”, afirmou Deborah.

O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios ingressou com uma ação civil pública para suspensão imediata do compartilhamento de dados entre o Facebook e o aplicativo Lulu no País. Para os promotores, o aplicativo descumpre a Constituição Federal, o Código Civil e o Código de Defesa do Consumidor, além de violar as boas regras de convívio social e do pleno exercício da cidadania.

O MP requer na ação, entre outros pedidos, que sejam excluídos, de imediato, os dados e imagens daqueles que não tenham consentido previamente em ser avaliados. Também, que seja vedada a possibilidade de avaliação anônima. Em caso de descumprimento, Lulu e Facebook poderão ser multadas em R$ 500 por pessoa e por avaliação. Se forem condenadas na ação, as empresas deverão pagar, a título de dano moral coletivo, 20% do seu lucro líquido no Brasil.

A inclusão de todos os amigos do Facebook das usuárias que participam do Lulu foi o alvo das maiores polêmicas do aplicativo no Brasil, o que foi parar até na Justiça. Usuários entraram com ações pedindo a exclusão dos seus perfis e até mesmo pedindo indenização por danos morais após as avaliações. Além disso, o Ministério Público abriu uma investigação contra o Lulu e, na semana passada, ingressou com uma ação civil pública contra a empresa, exigindo que somente dados com anuência prévia e específica dos consumidores possam ser divulgados.

A diretora, no entanto, descolou essas mudanças dos processos e da investigação do Ministério Público. “Em todos os casos em que um homem entrou com um processo contra o Lulu, o pedido de exclusão de perfil foi negado. E isso por duas coisas: antes do lançamento no Brasil, consultamos o conselho global para ter certeza de que o Lulu está de acordo com as leis brasileiras, e em segundo lugar porque é muito fácil para quem não quer participar do Lulu sair dele”, disse.

“Nós estamos cientes dessa investigação (do Ministério Público), porém acreditamos que estamos totalmente de acordo com as leis brasileiras, até mesmo antes de fazer essa mudança, já que tínhamos uma ferramenta automática de remoção para que os homens pudessem sair”, completa.

“Nós podemos fazer essa mudança no Brasil antes de fazer em qualquer outro lugar por causa do grande número de homens que fizeram login no serviço. Um terço dos homens que removeram seu perfil pela nossa ferramenta reativaram seu perfil em um menos de uma semana. Acho que isso aconteceu porque logo que o Lulu foi lançado, muita gente ficou chocada, mas muitas pessoas depois entenderam como funciona”, afirmou. Fonte: Portal Terra