Justiça autoriza prisão domiciliar a suspeito de estupro que foi torturado

A Justiça autorizou o cumprimento de prisão domiciliar ao homem de 22 anos preso suspeito de estupros que foi espancado por outros detentos dentro da cadeia de Anápolis, a 55 km de Goiânia. A decisão  tem como objetivo preservar a vida do detento, que esteve preso por cerca de 20 dias. As informações são do portal G1.

O pedido para que ele cumprisse aguarde julgamento em prisão domiciliar foi feito depois que o vídeo em que o detento é torturado foi divulgado em redes sociais. O homem teve o intestino perfurado no espancamento. “[Foi feito o pedido] pelas agressões que ele sofreu e pelas bolsas de colostomia que estava usando. Eram duas bolsas, tinha que fazer curativos. No presídio não tinha essa estrutura toda para acolher um preso nessa situação”, afirma o advogado do jovem, Carlos Eduardo Gonçalves.

O pai do jovem espancado, que não quis se identificar, afirma que houve falha da Justiça por não preservar a integridade física do filho. “Uma prisão domiciliar, poderia ser também uma internação, algum lugar que ele possa realmente ser cuidado”, defendia.

Tortura
A agressão ocorreu no dia 24 deste mês. O vídeo foi gravado pelo celular de outro preso e divulgado nas redes sociais. As imagens mostram que ao menos dez homens assistiram ao espancamento. Um cabo de vassoura foi usado durante o crime. Enquanto apanha, o homem, que está nu, é obrigado pelos agressores a dizer que é tarado. “Eu sou um sem vergonha. Tarado sem vergonha”, diz a vítima durante a gravação. Ele teve o intestino perfurado e foi socorrido no Hospital de Urgências de Anápolis (Huana).

Em nota, a Secretaria de Administração Penitenciária e Justiça (Sapejus) afirma que investigações preliminares identificaram detentos suspeitos de cometerem o crime. Ao final da apuração, os suspeitos podem sofrer sanções disciplinares. A Sapejus informou, ainda, que os celulares que gravaram o espancamento já foram identificados e recolhidos.

Além disso, também foi identificado um preso suspeito de ter gravado as cenas. Segundo a Sapejus, ele deve responder pelo uso do celular. Também será investigado como o aparelho utilizado para a gravação entrou no presídio.

Crimes
Segundo a Polícia Civil, o homem espancado foi preso porque se passava por fotógrafo para atrair jovens entre 18 e 20 anos que eram violentadas na casa dele. Ele é apontado como o autor de 11 crimes.

“A história dele tem que ser analisada com certa parcimônia porque ele possui um distúrbio mental e ele não chegou a consumar a conjunção carnal com a maioria das vítimas”, diz o delegado Manoel Vanderic.

Morte
Na quarta-feira (30), um detento de 33 anos foi assassinado dentro de uma cela da Unidade Prisional de Anápolis. O suspeito de cometer o crime é outro preso. Segundo a Polícia Civil, o criminoso confessou ter assassinado o colega de cela. “Ele disse que foi assediado pelo autor e que não aceita isso. E por ele ser estuprador, também decidiu matá-lo”, informou ao G1 a titular da Delegacia de Homicídios, Marisleide Santos.

A vítima aguardava julgamento por abuso de incapaz, já o autor do crime cumpre pena por roubo. Eles estavam em uma cela com mais 15 detentos. Em nota, a Sapejus informou que a direção da unidade “abriu sindicância para apurar as circunstâncias e as responsabilidades sobre a morte do detento”.