JuMP-CNJ: ferramenta pode mapear gargalos no andamento de processos judiciais

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Judiciário & Mineração de Processos (JuMP-CNJ) é o nome da nova ferramenta digital que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) desenvolveu para ajudar os tribunais a identificar gargalos no andamento dos processos e melhorar o trabalho realizado nas unidades judiciárias.

Com a solução, os tribunais podem identificar em quais setores e em que etapas da tramitação se acumulam as ações judiciais. Também é possível descobrir quais são as providências necessárias à movimentação do processo que levam mais tempo a serem tomadas. Dessa forma, as gestões das varas podem dinamizar o trabalho da equipe e, por consequência, reduzir a duração de tramitação da ação.

O juiz auxiliar da Presidência do CNJ Fábio Porto classifica a iniciativa como pioneira e revolucionária e ressalta que novos aprimoramentos surgirão a partir do uso da ferramenta pelos tribunais. Ele lembra que todas as pesquisas apontam a morosidade como o principal problema do Judiciário. “Com a JuMP, será possível atacar a raiz da morosidade, porque ela possibilita identificar e verificar os pontos de gargalo e corrigi-los. Assim, poderemos viabilizar o prazo razoável de duração de um processo.”

Porto também destaca que, além de facilitar a gestão da unidade judiciária, a JuMP será de extrema valia para os órgãos correicionais. “As corregedorias poderão comparar todas as unidades jurisdicionais e identificar, remotamente, aquelas que eventualmente necessitem de ajuda. Isso porque a Corregedoria tem papel de corregência e não apenas de correição. Pela ferramenta, será possível identificar boas práticas e disseminá-las entre unidades judiciárias para elevar a qualidade dos serviços prestados e, ao mesmo tempo, orientar e fiscalizar.”

Tecnologia

A tecnologia que viabilizou a criação da ferramenta JuMP é a mineração de processos, campo de pesquisa que desenvolve aplicações para diferentes setores da economia, da indústria ao setor de serviços. A mineração varre bases de dados digitais e, a partir das informações encontradas, mapeia determinada rotina produtiva. O produto final é uma representação gráfica que retrata o fluxo do trabalho. Com diagramas, esquemas e outros recursos visuais, a ferramenta localiza os pontos do fluxo onde há “congestionamentos” ou dificuldades que precisam ser superadas para melhorar o desempenho do setor.

Os “mapas” são de fácil visualização, pois transformam setores de uma vara judicial em pequenas caixas e a movimentação de processos, em setas. De acordo com o volume de ações que tramita, maior a seta. Conforme o tempo que uma tarefa que movimenta o processo demora, varia a intensidade do tom da cor da seta. “Esse processo até hoje é feito com a intuição dos gestores, muitas vezes, e depende exclusivamente de números. O gestor precisa identificar gargalos olhando para planilhas, com nomes e números. Com a mineração, ele vai conseguir reconhecer imediatamente o problema que atrasa determinada atividade, como expedir uma comunicação, por exemplo”, afirma o também juiz auxiliar da Presidência do CNJ, Rafael Leite.

Plataforma disponível

A ferramenta está disponibilizada na Plataforma Digital do Poder Judiciário Brasileiro. Ao se integrar à Plataforma, o tribunal não precisa mais designar equipes próprias para alimentar as bases de dados consultadas pelo Conselho, uma vez que ela coleta automaticamente todos os dados referentes à tramitação de processos, por exemplo, e os armazena em um repositório em nuvem.

O Codex é o canal pelo qual a JuMP acessará as bases de dados dos órgãos da Justiça. “Pelo Codex, o CNJ se conecta a cada um dos tribunais e importa seus dados estruturados e não estruturados, assim como o conteúdo dos processos. Com base no que está dentro do Codex, o Conselho será capaz de desenvolver e disponibilizar, pelo mesmo canal, produtos e serviços que auxiliem os tribunais”, explica Rafael Leite.