Juíza repreende advogado que disse que ‘está na moda denúncia por crimes sexuais’ ao defender cliente em audiência de cústodia

Um advogado foi advertido pela juíza Lígia Nunes de Paula durante audiência de custódia de um cliente realizada em Anápolis, município localizado a 60 quilômetros da capital. O motivo foi a afirmação feita pelo causídico de “está na moda [fazer] denúncia por crimes sexuais”, ao fazer a defesa de um empresário, preso na segunda-feira (23) suspeito de importunação sexual de quatro funcionárias.

Ao repreender o advogado, a magistrada afirmou que diferentemente do colocado pela defesa, não está na “moda” a denúncia por crimes sexuais, até mesmo porque, segundo ela, trata-se de uma situação extremamente vexatória para a vítima.

Em nota, a Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Goiás (OAB-GO) afirmou que o Tribunal de Ética e Disciplina (TED) e a Comissão da Mulher Advogada (CMA) vão investigar o caso.

Na nota, a entidade frisa que o assédio é um crime ainda recorrente no contexto das relações de gênero, sendo uma ofensa à dignidade da pessoa humana. “Tal delito deve ser combatido em todas as instâncias e jamais minorado”, frisa.

Confira a íntegra a nota da OAB-GO

Os fatos apresentados pela imprensa serão objeto de análise e averiguação por meio do Tribunal de Ética e Disciplina (TED) e da Comissão da Mulher Advogada (CMA) da OAB-GO.

A presidente do TED, Ludmila Torres, explica que todos os procedimentos desta natureza são sigilosos e, portanto, não resultarão em declarações futuras. A representante do Tribunal explica ainda que o sigilo do processo garante a não antecipação de julgamento ou influência na imparcialidade exigida para análise da conduta profissional.

A CMA, através de sua presidente, Fabíola Ariadne Rodrigues, reitera que a OAB-GO tem dentre suas principais bandeiras o combate ao assédio sexual e moral, com iniciativas que visam diminuir os casos de omissão e impulsionando uma atenção conjunta de todos e todas no enfretamento à violência contra as mulheres.

Inclusive, mantendo um canal perene para receber, exclusivamente, denúncias sobre casos de assédio moral e sexual na advocacia.

Por fim, a OAB-GO reforça que o assédio é um crime ainda recorrente no contexto das relações de gênero, sendo uma ofensa à dignidade da pessoa humana. Tal delito deve ser combatido em todas as instâncias e jamais minorado.