Juiz decreta prisão preventiva de Márcia Zaccarelli, condenada por matar filha recém-nascida

Márcia Zaccarelli durante depoimento na sessão do júri popular presidida pelo juiz Jesseir Coelho 

O juiz Jesseir Coelho de Alcântara, da 3ª Vara dos Crimes Dolosos Contra a Vida e Tribunal do Júri da comarca de Goiânia, decretou a prisão preventiva de Márcia Zaccarelli Bersaneti, condenada, em 31 de julho deste ano, a 18 anos e 8 meses de reclusão. Ela havia sido contemplada com o direito de responder em liberdade. A professora foi submetida ao Tribunal do Júri e foi considerada culpada pela morte da filha recém-nascida e por esconder o corpo durante cinco anos em um escaninho no prédio em que morava, no setor Bueno.

Na decisão, o magistrado justifica a decretação prisão alegando que “no longo período em que a ré esteve livre não providenciou enterro digno aos restos mortais de sua filha, ora vítima, bem como ao ser invocada por este juízo a manifestar-se a respeito, quedou-se inerte”. O juiz também destacou que a defesa de Márcia foi intimada para restituir os autos em cartório e não o fez, caracterizando desídia de ambas.

Dessa forma, Jesseir Coelho de Alcântara frisou que é necessária a prisão preventiva, diante da “inobservância da ré e da defesa à ordem judicial, obstruindo o bom andamento processual, ficando demonstrada a dificuldade da aplicação da lei penal”.

No IML
Consta do laudo do Instituto Médico Legal que, desde 9 de agosto de 2016, o cadáver da criança encontra-se no órgão sem que qualquer providência fosse tomada por parte da família. O corpo foi encontrado pelo marido de Márcia, que sentiu um forte odor ao entrar no escaninho onde ela havia escondido os restos mortais da criança envolvidos em sacos plásticos e acondicionados em caixa de papelão. A polícia foi chamada, ocasião em que os restos mortais foram levados ao Instituto Médico Legal.

O caso
Conforme denúncia oferecida pelo Ministério Público do Estado de Goiás (MPGO), Márcia Zacarelli deu à luz uma menina no dia 15 de março de 2011, após ter escondido a gravidez de familiares e amigos. A criança seria fruto de um relacionamento extraconjugal. Como seu marido já havia feito vasectomia, não havia como dizer que a criança era dele.

No dia do nascimento da filha, Márcia, ao sentir as contrações, ligou para um amigo que a levou para o hospital. O amigo ainda pagou para que ela fizesse parto cesária. Um dia após, ao receber alta, ela tampou o nariz da recém-nascida, matando-a por asfixia. Em seguida, colocou o cadáver dentro de uma bolsa, e o levou para o apartamento onde morava.

Chegando no local, segundo a peça acusatória, Márcia envolveu o cadáver com pano e saco plástico, depois colocou dentro de uma caixa de papelão e o escondeu no escaninho de seu apartamento. Os restos mortais foram encontrados muitos anos depois, quando seu ex-marido voltou ao prédio para buscar alguns objetos e estranhou o odor de uma das caixas.

Defesa

Interrogada durante sessão do júri popular, a professora disse que a morte da bebê foi acidental e que a ideia de esconder o corpo foi do ex-companheiro, Glaudson de Souza Costa. A mulher afirmou que a menina morreu nos braços dela, enquanto ela a segurava contra o peito para que o marido não a tomasse.

“Meu ex-marido sabia de tudo, que eu estava grávida. Quando eu saí do hospital por não ter mais dinheiro para continuar lá, fui para uma praça. O Glaudson me ligou e me encontrou lá. Ele tentou a todo custo retirar a minha filha dos meus braços, e eu apertava ela contra o meu peito para protegê-la. Ficamos um tempo nessa briga até que fomos para casa. Quando eu cheguei, percebi que minha filha não estava mais respirando. Nesse momaento o Glaudson só ficou rindo.

A defesa alegou que, no momento do crime, ela sofria de um transtorno psicológico. Já o Ministério Público defendeu que ela é totalmente apta para responder por seus atos e pede a condenação dela pelo homicídio.

“O que aconteceu foi um infanticídio. Ela sofria de uma psicose neural, estava muito abalada porque sofria agressões do marido e do amante, então não tinha estrutura financeira, psicológica e emocional”, disse o advogado dela, Paulo Roberto Borges da Silva.