Em um ano, denúncias de cárcere privado de mulheres sobem 300%

Dez casos por dia. Até o momento, essa é a média de relatos de cárcere privado registrados em 2015 pela Central de Atendimento à Mulher-Ligue 180, o disque-denúncia para casos de violência de gênero do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos. O serviço completou 10 anos esta semana.

De acordo com dados do Ministério, esse número representa um aumento de 300,39% nos registros de cárcere privado, na comparação com o mesmo período de 2014.

Também subiram 165,27% os relatos de estupro, com média diária de oito registros, ou seja, a cada 3 horas é registrado um caso de estupro no Ligue 180. Os relatos de tráfico de pessoas, média de 1 registro por dia, cresceram 161,42% em relação ao ano passado.

Entre janeiro a outubro, a Central realizou 634.862 atendimentos. Foram em média 63.486 atendimentos mensais e 2.116 diários. Essa quantidade foi 56,17% superior ao número registrado no mesmo período de 2014 (406.515).

Informações
Do total de atendimentos deste ano, 39,52% corresponderam à prestação de informações, principalmente sobre a Lei Maria da Penha; 9,65% foram encaminhamentos para serviços especializados; e 40,28%, encaminhamentos para outros serviços de teleatendimento, tais como o 190, da Policia Militar, 197, da Polícia Civil e Disque 100, da Secretaria de Direitos Humanos.

Em 2015, do total de atendimentos, 63.090 foram relatos de violência, dos quais 58,55% foram cometidos contra mulheres negras. Na avaliação dos técnicos da Central, esses dados demonstram a importância da inclusão de indicadores de raça e gênero nos registros administrativos referentes à violência contra as mulheres.

Dentre os relatos, 49,82% corresponderam a casos de violência física; 30,40%, de violência psicológica; 7,33%, de violência moral; 2,19%, de violência patrimonial; 4,86%, de violência sexual; 4,87%, de cárcere privado; e 0,53%, de tráfico de pessoas.

Capitais
Campo Grande permanece com a maior taxa de relatos de violência, seguida por Rio de Janeiro e Natal. Foi em Campo Grande que a Secretaria de Políticas para as Mulheres inaugurou a primeira Casa da Mulher Brasileira, em fevereiro de 2015.

Entre as unidades da federação, foi no Distrito Federal a maior taxa de relatos de violência pelo Ligue 180, seguido por Mato Grosso do Sul e Rio de Janeiro.

Nos primeiros seis meses de 2015, o Ligue 180 atendeu todas as 27 unidades da federação, com média de 52,45 relatos de violência por 100 mil mulheres.

A quantidade de relatos de violência entre janeiro e outubro de 2015 foi 40,33% superior aos relatos registrados no mesmo período em 2014 (44.957).