Por que a taxa de desemprego oscila mais nos EUA do que no Brasil nas crises?

Em tempos de pandemia, o desemprego cresceu muito mais nos EUA do que no Brasil. Porém, a queda também foi bem mais rápida. Para escrever sobre o assunto, eu convidei Mara Pessoni, advogada e especialista em Comércio Exterior.

Leia o texto completo abaixo:

Mara Pessoni

Com o advento da triste pandemia que assola o planeta, nos deparamos com situações que, às vezes, fogem ao nosso entendimento. Uma delas é oscilação da taxa de desemprego que varia de forma muito diferente nos EUA e no Brasil.

Para se ter uma ideia, em março de 2020, início da pandemia e dos lockdowns, a taxa de desemprego no Brasil estava em 12% e subiu em abril para 12,6%. Já nos EUA, o índice saiu de 4,4% em março para 14,7% em abril.
A pergunta é: o desemprego no Brasil é mais estável nas crises do que nos EUA?

Na verdade, não. Isso é muito ruim para o Brasil, entenda.

Os Estados Unidos têm um mercado de trabalho muito mais flexível que o brasileiro. No Brasil para um empresário demitir ele pagará aviso prévio, férias, férias proporcionais, 13º salário proporcional, multa de 40% de FGTS, entre outros, o que faz o CUSTO DE DEMISSÃO ser bem mais alto que nos EUA, por isso que lá as demissões são mais rápidas.

A primeira consequência é que, se é mais barato demitir, uma empresa americana tende a fazer isso mais rápido e mais frequentemente. Na ótica do trabalhador, pode parecer que o Brasil é melhor neste sentido, “ah, se desemprego é ruim, é melhor que a empresa não demita rapidamente”. Porém, há que se ressaltar as consequências de tudo isso:

Na hora de CONTRATAR, as empresas levam em conta os custos de DEMITIR. Os custos altos que desestimulam demissões também inibem as contratações. Quem não pode demitir, também pensa duas vezes mais em contratar. Isso faz com que o mercado de trabalho seja pouco dinâmico.

Assim, as restrições a demissões aumentam a duração do desemprego. Veja o comparativo abaixo:

Desemprego BRASIL x EUA
Março/2020: 12,2% / 4,4%
Abril/2020: 12,6% / 14,8%
Junho/2020: 13,3% / 10,2%
Fevereiro/21: 13,5% / 6,2%

Ou seja, nos Estados Unidos o desemprego subiu mais rápido, mas também caiu MUITO MAIS RÁPIDO.

A segunda consequência é ainda mais custosa. As empresas norte americanas têm um número ótimo de funcionários de acordo com sua demanda, já no Brasil, em épocas de crise, as empresas têm mais funcionários do que desejam e, em épocas de recuperação, têm menos funcionários do que o ideal.

E o que isso significa?

Significa que nossas empresas operam de maneira mais ineficientes do que as americanas. Se você tem mais funcionários nas crises e menos do que deseja na recuperação, no final do dia, você produz menos do que poderia (nas expansões) e a um custo maior (nas recessões).

No caso dos EUA, grande parte dos desempregados vão para os novos setores que vão surgindo, se reciclando, se adaptando e se desenvolvendo mais e com maiores salários. Já no Brasil, por conta deste engessamento, vamos manter os velhos empregos de sempre, pois que, por conta desta “estabilidade” os próprios empregados, muitas vezes se acomodam.

A terceira consequência é entre os setores. A mobilidade do mercado de trabalho é um ingrediente importante para o progresso tecnológico. Não queremos que a sociedade fabrique tantas máquinas de escrever como produzia no passado, é importante que as pessoas mudem de atividade, tanto para o progresso profissional pessoal, quanto para o progresso econômico da nação.

O mercado de trabalho, como o nome sugere, é um mercado como qualquer outro. Se queremos proteger os trabalhadores, temos que diminuir os CUSTOS DO PRODUTO TRABALHO. O preço disso no curto prazo é um mercado volátil. Mas um mercado mais dinâmico é o que gera mais riqueza.

Os “defensores” dos trabalhadores poderão alegar que a diminuição do CUSTO EMPREGO (FGTS, 13º salário, férias, etc.) são altamente prejudiciais aos trabalhadores. Num primeiro olhar, sim, mas ao aprofundarmos esta análise é possível verificar que boa parte destes custos não vão diretamente para a mão do trabalhador e sim para governos e sindicatos. Se este valor fosse revertido em salários, como é nos EUA, teríamos um trabalhador melhor remunerado diretamente e um mercado de trabalho muito mais dinâmico, com mais opções de empregos e, consequentemente, uma economia mais estável, pois teríamos mais dinheiro circulando na economia e não nos cofres dos governos.
Por essa e outras razões, é que estimulamos o empresariado a internacionalizar sua empresa, dolarizando seus lucros.

OBS.: O propósito deste artigo é informar as pessoas sobre imigração americana, jamais deverá ser considerado uma consultoria jurídica, cada caso tem suas nuances e maneiras diferentes de resolução. Esta matéria poderá ser considerada um anúncio pelas regras de conduta profissional do Estado da Califórnia e Nova York. Portanto, ao leitor é livre a decisão de consultar com um advogado local de imigração.