Dívidas empresarias pedem agilidade na resolução

Mesmo com o planejamento em dia, empresários podem ser acometidos por imprevistos, que, de acordo com a proporção, podem levar ao descontrole do fluxo de caixa e do orçamento da empresa. A partir de então, as dívidas podem aumentar rapidamente. Segundo recente levantamento do Serasa, o Brasil encerrou 2018 com 5,3 milhões de micro e pequenas empresas inadimplentes. Na comparação com dezembro de 2017, a alta foi de 7,5%.

As dívidas acumulam rápido, por isso Ricardo Dosso, advogado especialista em direito empresarial do escritório Dosso Toledo Advogados, orienta que o empresário, em condições de finanças negativadas, tome atitudes rápidas e estratégicas. “Enquanto a empresa está com dívidas, os juros estão ativos, por isso a importância de tentar uma negociação o quanto antes”, explica Dosso, que ainda chama a atenção para que o empreendedor, junto ao advogado e contador, ache o melhor caminho para a negociação com o credor.

Antes mesmo de liquidar as contas, é preciso calcular o valor real da dívida e analisar os contratos com os credores. Dosso pontua que conhecer e saber tudo o que a empresa tem de dívidas significa estar bem-informado para o momento da negociação. “Indique a maneira como pretende quitar a dívida e proponha juros baixos. Muita atenção ao contrato de renegociação, não assine documentos que exijam bens como garantia que sejam superiores aos valores devidos.”

Com a economia ainda instável do Brasil, é comum que muitas empresas tenham oscilações no faturamento, então o ideal é sempre acompanhar o histórico de entrada e saída de caixa de perto. “É perigoso uma empresa que fecha no vermelho por meses seguidos. O ideal é fugir desse cenário, seja com ações promocionais, seja com mudança no plano de marketing. Uma vez que a situação da empresa piora, ela pode caminhar para uma recuperação judicial”, comenta o advogado.

Acompanhe abaixo as cinco dicas de Ricardo Dosso para garantir uma rotina financeira saudável e estável:

1. Faça um acompanhamento e controle efetivo do setor financeiro

Essa é uma tarefa constante e que deve ser realizada por todas as empresas, de modo a ser possível evitar ou, ao menos, identificar de forma antecipada eventual distorção do ponto de equilíbrio entre débitos e capacidade de pagamento/patrimônio.

2. Contrate uma assessoria jurídica

O ideal é o empresário ter assessoria jurídica recorrente, para auxiliar o controle e planejamento financeiro, e não somente no momento de negociação de dívidas.

3. Tenha bons relacionamentos

Manter a boa relação e credibilidade com os clientes e credores é tarefa primordial. Caso os clientes estejam com dívidas com o você, tente sempre uma negociação amena, facilitando o pagamento. O mesmo vale para a relação com os credores, manter um bom diálogo para ter bons acordos.

4. Tente reduzir a carga tributária

Esse é um desafio constante para as empresas brasileiras manterem a lucratividade. Os valores destinados ao fisco consomem uma fatia expressiva dos lucros. Para isso, é fundamental a realização de um planejamento tributário, visando à redução dos valores de impostos com base na lei, para prevenir a empresa contra eventuais fiscalizações e ajustar os processos internos com a “nova” carga tributária.

5. Procure auxílio especializado

Para negociar a dívida, o auxílio especializado é essencial, porque a negociação ineficiente ou despreparada, que não esteja inserida em uma estratégia maior de reestruturação da empresa, pode agravar a situação econômica do empresário e culminar em situação que leve ao pedido de recuperação judicial ou mesmo de falência.