Clube Direito & Literatura da OAB Nacional estreia em Goiás com José Roberto de Castro Neves

No dia 26 de junho, às 19 horas, a Escola Superior da Advocacia de Goiás (ESA-GO) sedia o lançamento do Clube Direito & Literatura, uma iniciativa da Comissão Nacional de Direito e Literatura da OAB Nacional, presidida pelo professor e advogado Carlos André. Com entrada gratuita e voltado para advogados, estudantes e interessados no diálogo entre humanismo e prática jurídica, o evento, realizado na sede da ESA-GO, no Setor Sul, em Goiânia, contará com a presença de José Roberto de Castro Neves,  jurista e integrante da Academia Brasileira de Letras, que debaterá seu livro “Que é ser advogado?”.

A proposta do clube, segundo Carlos André, é simples e necessária para devolver à profissão o que ela tem de mais humano, por meio da leitura crítica e da reflexão intelectual. “Fala-se muito sobre o problema da falta de leitura no Direito, sobre a superficialidade da formação atual, mas pouco se faz de fato. Esse clube, que inaugura uma agenda nacional que começa em Goiás, é uma forma de agir. Trazer leitura é trazer humanização”, afirmou o presidente da comissão.

A escolha da obra para o encontro inaugural também representa um marco na valorização da formação humanística na advocacia. José Roberto de Castro Neves é advogado, mestre pela Universidade de Cambridge, doutor pela UERJ e reconhecido por sua atuação como autor e pensador jurídico-literário. Seu ingresso na Academia Brasileira de Letras reforça a ligação entre o Direito e a literatura como campos complementares de produção de sentido e interpretação do mundo.

Segundo Carlos André, “a escolha do livro também é simbólica. Um advogado entra para a ABL, e nós, advogados, precisamos discutir o que é ser advogado, com base em quem pensa a profissão com profundidade. Em tempos de automatização, é fundamental abordar com sensibilidade temas como ética, vocação e a intelectualização da prática jurídica; visto que, a profissão tem sido tratada cada vez mais como negócio.”

Com décadas de atuação em educação jurídica e referência nacional em linguística jurídica, redação forense e políticas públicas para a educação, Carlos André reforça que o clube nasce como um convite à reflexão profunda sobre o papel do advogado na sociedade. Ele lembra que a capacidade de argumentar, compreender contextos complexos e ouvir com empatia estão diretamente relacionadas à leitura e ao hábito de interpretar textos e pessoas.

Para Carlos André, investir em literatura é investir em melhores profissionais do Direito. “A leitura fortalece o pensamento crítico, amplia o vocabulário, aprimora a expressão e melhora a escuta. Em um ambiente cada vez mais marcado por decisões automatizadas, o profissional que lê se destaca pela sensibilidade e inteligência emocional.”

Como participar

O evento é promovido pela ESA-GO em parceria com a OAB-GO e está com inscrições abertas aqui. O encontro está estruturado em formato de roda de leitura, com mediação coletiva e participação aberta. Após a estreia, a proposta é que o clube siga com encontros mensais, sempre com uma obra literária ligada ao universo jurídico ou ético, ampliando o repertório dos participantes e estimulando a formação de uma rede nacional de leitura na advocacia.

Além disso, segundo o professor, o modelo de Goiás será replicado em outras seccionais da OAB, a começar pelo Distrito Federal e estados do Nordeste. “Nosso objetivo é que cada regional da Ordem tenha seu próprio clube de leitura. Vamos criar uma cultura de leitura dentro da advocacia, em todo o país”, afirmou.

Carlos André lembra ainda que o projeto está alinhado ao movimento nacional pela valorização da linguagem clara, da simplificação do juridiquês e da promoção da cultura como instrumento de cidadania. “A leitura aproxima o advogado do cidadão, da realidade, da escuta atenta. Um profissional que lê interpreta melhor leis, pessoas e contextos.”

O Clube Direito & Literatura surge, portanto, como mais do que um espaço de leitura. É um espaço de transformação da advocacia, de reencontro com os valores fundacionais da profissão e de promoção de um exercício jurídico mais consciente e conectado com as humanidades. Em tempos em que a superficialidade ameaça a formação crítica, a leitura volta a ser ferramenta de resistência e evolução.