Caso Mara Rúbia: juiz recebe denúncia e cita acusado

O juiz da 1ª Vara Criminal de Crimes Dolosos Contra a Vida de Goiânia, Eduardo Pio Mascarenhas (foto), recebeu denúncia, nesta segunda-feira (25), formulada contra Wilson Bicudo da Rocha, por tentativa de homicídio triplamente qualificado de sua ex-companheira Mara Rúbia Mori Guimarães. O magistrado já mandou citar o acusado, que tem 10 dias para apresentar defesa prévia.

O caso
Consta no inquérito policial que, no dia 29 de agosto, por volta das 11h50, Mara Rúbia chegou em casa para o almoço e deixou a porta encostada. Pouco depois, foi surpreendida por Wilson Bicudo, que a agarrou pelo pescoço e a empurrou para cima da cama, momento em que afirmou “vim aqui só para isso, para te matar”.

Bicudo deu continuidade às agressões e sufocou Mara Rúbia com as mãos, até que ela desmaiasse. Quando a vítima recobrou a consciência, o acusado amarrou suas mãos e pescoço com um fio de telefone. Em seguida, ele perfurou o olho direito de sua ex-companheira, com uma faca de mesa, o que lhe causou novo desmaio, em virtude da intensa dor física. Não satisfeito, perfurou também seu olho esquerdo, momento em que ela desmaiou de dor pela terceira vez.

Acreditando que ela havia morrido, Bicudo saiu do local e, para garantir que a vítima não conseguisse pedir socorro, caso não tivesse morrido, trancou o portão e levou as chaves consigo, além de levar também o celular dela.

Mara Rúbia só foi socorrida quando recobrou os sentidos, quando conseguiu soltar o fio de telefone que amarrava suas mãos e seu pescoço e começou a gritar. Os vizinhos ouviram os gritos e chamaram o Corpo de Bombeiros.

Conflito negativo
O caso ganhou repercussão pela crueldade com que Bicudo teria agido contra sua ex-companheira e, também, pelo conflito negativo de atribuições ocorrido entre as promotorias do Ministério Público do Estado de Goiás (MPGO).

Ao receber o inquérito policial, que foi encaminhado à 83ª Promotoria de Justiça, o promotor João Teles de Moura Neto entendeu que o caso configura lesão corporal gravíssima mas, por discordar da hipótese, o juiz Jesseir Coelho de Alcântara, determinou o retorno do processo para o MPGO, para definição do tipo penal.

A Procuradoria-Geral de Justiça, por sua vez, dirigiu o processo ao Juizado da Violência Doméstica Familiar contra a Mulher, para ouvir a promotoria com atuação naquele órgão. O entendimento da promotoria em questão foi pela tentativa de homicídio, o que caracterizou, portanto, o conflito negativo de atribuições. A definição da tipificação do crime coube, assim, ao procurador-geral de Justiça de Goiás, Lauro Machado Nogueira, que acompanhou a tese de tentativa de homicídio, por entender que as provas deixam claro que Bicudo só não alcançou o seu objetivo, em virtude de Mara Rúbia ter sido socorrida por vizinhos.

Lauro Machado designou o promotor Paulo Pereira dos Santos para responder pelo processo e fazer a denúncia contra Wilson Bicudo. Ele entendeu que a tentativa de homicídio ocorreu por motivo torpe, com emprego de meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima. Fonte: Centro de Comunicação Social do TJGO