Por que você ainda não investe em marketing?

Camilla Pinheiro

Se você advogado ainda não investe em marketing e consegue justificar essa atitude com a mesma lógica e fundamentação utilizadas em uma de suas petições, então você não precisa ler este artigo. No entanto, se a pergunta expressa no título ainda provoca a mais ligeira dúvida, nós precisamos falar sobre isso.

O questionamento proposto não é direcionado somente aos proprietários de escritórios, mas a cada um que pretende fazer da advocacia o principal caminho atingir a realização material e profissional.

O mercado da advocacia passou por grandes transformações nos últimos anos, tornando-se altamente concorrido, de modo que o advogado é compelido a utilizar ferramentas para promover seu trabalho e conquistar seu espaço, seja como profissional autônomo, seja para integrar o corpo de um grande escritório ou departamento jurídico de uma empresa. Desta realidade sentida por toda a classe, surge indiscutível necessidade de uma nova cultura no meio jurídico: a gestão de marketing nos escritórios e na carreira dos advogados.

O marketing é um conjunto de ações voltadas à satisfação da necessidade do cliente, gerando uma espécie de encantamento pela qualidade do serviço prestado. Diante disso, não existem justificativas plausíveis para não investir no marketing jurídico. O que existe, na verdade, é um conjunto de crenças muito presentes nos advogados que os impedem de colocar em prática um plano de marketing eficaz.

A crença de que o advogado não pode fazer marketing por questões ético-profissionais, incrivelmente, ainda está muito presente. Uma simples leitura do Código de Ética da OAB, todavia, é suficiente para desmistificar tal crença, uma vez que há um título exclusivamente dedicado a regular a publicidade do advogado, que pode tranquilamente ser feita, desde que obedecidos os parâmetros éticos que a própria natureza da atividade da advocacia exige.
Existem, no entanto, outras crenças, ainda mais enraizadas, que constituem fortes obstáculos enfrentados por muitos colegas na hora de colocar em prática seu marketing.

Muitos de nós fomos educados em um contexto familiar, social e religioso que coloca a autopromoção como um reflexo de orgulho, vaidade e arrogância. Assim, desenvolvemos inconscientemente a crença de que é errado mostrar nossas qualidades para o mundo, crença esta que nos limita no marketing pessoal. Compreendemos a necessidade, estudamos sobre o assunto, elaboramos um belo plano de marketing… e não nos sentimos à vontade para executá-lo, sem ao menos entender o motivo de nos sentirmos desconfortáveis com isso.

Reflitamos que o advogado pode ser fomentador de conhecimentos úteis sem, contudo, fazer uma autopromoção ou mercantilizar a atividade. O desenvolvimento de um marketing de conteúdo contribui com a sociedade e tem, ao mesmo tempo, o condão de gerar para o profissional uma imagem positiva, tudo isso em absoluto respeito aos parâmetros éticos.

Diversas outras crenças podem ser pensadas e trabalhadas no que tange à dificuldade em realizar o marketing pessoal, como a crença de que o nosso trabalho como profissionais não é satisfatório, ou até mesmo a descrença nos resultados proporcionados por um plano de marketing bem executado, de modo que é sempre válido refletir sobre os reais motivos de não estarmos nos posicionando devidamente no mercado.

Os casos de escritórios e advogados que adquiriram visibilidade, respeito e garantiram seu espaço no mercado mediante a prática de um marketing eficaz e pautado pela ética profissional, comprovam que é perfeitamente possível transcender esses motivos e conquistar tudo o que é possível conquistar no exercício de uma advocacia não só tecnicamente competente, mas estratégica, inovadora e, acima de tudo, ética.

*Camilla Pinheiro é  advogada, membro da Comissão Especial de Inovação e Gestão da OAB/GO