Nos últimos anos, a implementação de tecnologias nos escritórios de advocacia e departamentos jurídicos tem sido uma tendência crescente. O setor jurídico, historicamente caracterizado por processos manuais e tradicionais, entendeu que a transformação digital era essencial para otimizar suas atividades, reduzir custos e, principalmente, aumentar a eficiência e assertividade dos processos de trabalho. Agora, observamos uma nova fase no cenário jurídico: o Judiciário também se rendeu aos avanços tecnológicos.
Nesta semana, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) anunciou o lançamento do “STJ Logos”, uma plataforma inovadora de Inteligência Artificial Generativa (IAGen), que promete revolucionar a maneira como os processos são conduzidos. De acordo com o que foi apresentado, este sistema é capaz de realizar análises e fornecer insights que auxiliarão os magistrados na tomada de decisões de forma mais célere e precisa. A aplicação dessa tecnologia reflete a evolução do Judiciário, que, até pouco tempo atrás, parecia estar distante dos avanços digitais presentes em outros setores.
O lançamento ocorre em um momento de transformações tecnológicas no âmbito da Justiça. No início de fevereiro, durante a abertura do Ano Judiciário de 2025, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, destacou que este será um ano de grandes inovações. Na oportunidade, anunciou a implementação da “MarIA”, uma ferramenta de inteligência artificial generativa, capaz de produzir, gerar conteúdos e elaborar textos.
Com o lançamento do “STJ Logos” e o anúncio da ferramenta “MarIA”, o Judiciário acompanha o movimento de transformação digital que já havia tomado os escritórios de advocacia e departamentos jurídicos de grandes empresas. Já há anos, os profissionais da área jurídica perceberam que a tecnologia poderia ser uma aliada poderosa para a melhoria da gestão de processos, atendimento aos clientes e até mesmo na criação de novas formas de atuação.
Ferramentas como softwares de gestão de processos, inteligência artificial para análise de jurisprudência, análise de riscos e sistemas de automação para documentos passaram a fazer parte da rotina de muitos escritórios e departamentos jurídicos. Além disso, plataformas que permitem a implementação de contratos inteligentes também passaram a ser adotadas com frequência, agregando valor aos serviços prestados.
A utilização dessas ferramentas pelos Tribunais é um reflexo das mudanças necessárias para que o Judiciário acompanhe a realidade de um mundo cada vez mais digitalizado. Ao longo dos anos, a pressão por mais eficiência e rapidez nas decisões tem sido crescente, e a tecnologia surge como uma solução crucial para atender a essa demanda.
O cenário que estamos vendo hoje é apenas o começo de uma transformação que ainda está em andamento.
É importante destacar que a adoção da tecnologia tanto no Judiciário quanto em escritórios e departamentos jurídicos não deve ser vista como uma substituição do trabalho humano, mas como uma ferramenta que auxilia na realização de tarefas repetitivas e na análise de grandes volumes de dados. Isso permite que magistrados e advogados possam dedicar mais tempo à análise e interpretação dos casos, enquanto a inteligência artificial se encarrega das etapas iniciais ou de apoio.
O lançamento de sistemas como o “STJ Logos” e o anúncio do “MarIA” representam marcos importantes na modernização do Judiciário brasileiro e mostram que o futuro da Justiça será cada vez mais integrado às novas tecnologias.
Seja no setor privado ou no público, o uso da tecnologia no direito não é mais uma opção, mas uma necessidade para garantir que os processos de trabalho sejam mais ágeis e eficientes para todos. A era da transformação digital no Judiciário chegou para ficar.
*Thaís Franciulli Ferreira é advogada, sócia da Nelson Wilians Advogados.