Liderança em escritórios de advocacia

José Paulo GraciottiLiderança é uma característica inata (existem vários livros que inclusive classificam seus estilos) que nem todas as pessoas a possuem de forma natural nas suas personalidades, mas que, na sua falta, pode ser aprendida e treinada. Nesse quesito, existem dezenas de livros e teorias sobre estilos e formas de liderança que, nesta discussão, não vou me ater. Eu particularmente considero Ichak Adizes um dos autores que melhor define (pragmaticamente) esse assunto.

Uma das principais funções de um líder é estabelecer e comunicar para todos os níveis, os valores e objetivos da organização de forma clara para que cada indivíduo esteja completamente engajado no momento da execução do seu trabalho, na tomada de decisões ou em qualquer outra atitude profissional que envolva a instituição e a si mesmo.

Nesta discussão quero abordar o fato que considero o principal em toda a liderança que é a sua perenidade. Líderes são pessoas que devem durar!

Para que essa perenidade aconteça, o líder precisa ter algumas características (independentemente dos estilos, já citado acima):

– Precisa ser admirado (admirado e não querido). O liderado precisa encontrar alguma(s) característica(s) no líder para se espelhar, seguir ou até querer ser no futuro.

– Precisa ser coerente. Seja qual for o estilo, a equipe precisa sentir no seu líder confiança profissional em suas atitudes (coerente e não previsível).

– Precisa ser o exemplo. Aquela máxima que diz “faça o que eu mando, mas não faça o que eu faço” é a pior atitude que pode existir (mais acentuadamente quando a equipe é formada por pessoas da Geração Y).

– Precisa ser ético. (desnecessário comentários).

Nas organizações pouco estruturadas verticalmente, como é o caso de Escritórios de Advocacia, o exercício do “mando” se dá muito mais pelo conhecimento técnico e vivência dos mais experientes e pelo respeito profissional (técnico) dos mais jovens pelos primeiros e isso pode gerar conflitos entre “mando” e liderança, que são coisas muito diferentes.

Outro ponto a ser considerado tem a ver com a característica intrínseca à profissão de advocacia na qual todos os seus profissionais são treinados para o “embate”, com forte enfoque na habilidade de argumentação (verbal ou escrita) e na capacidade de procurar e achar detalhes sobre os quais possam basear seus argumentos ou enfraquecer os argumentos de seus adversários. Isso torna o exercício da liderança muito mais difícil e exige do líder muito mais intensamente as características citadas acima para que seus liderados o respeitem.

Todas as atitudes tomadas pelos líderes têm consequências no curto, médio e longo prazo, na empresa e na equipe e a forma como esse ciclo é concluído é que definirá perenidade da liderança!

A ajuda externa e experiente, isenta das interações e relacionamentos internos, pode ajudar e muito na orientação e treinamento dos líderes, assim como na gestão mais eficaz e profissional das equipes.

*José Paulo Graciotti, é consultor e sócio da GRACIOTTI Assessoria Empresarial, engenheiro formado pela Escola Politécnica com especialização Financeira pela FGV e especialização em Gestão do Conhecimento pela FGV. Membro da ILTA– International Legal Technology Association e da ALA – Association of Legal Adminstrators. Há mais de 28 anos implanta e gerencia escritórios de advocacia – www.graciotti.com.br