Cadê a transparência que tava aqui?

Recentemente, em meados de novembro do ano passado, o conselheiro da OAB-GO por vários mandatos, Dr. Murilo Lobo, disse: “O sistema de prestação de contas da OAB pode ser comparado a uma caixa preta, não tem transparência, não há clareza de quanto se arrecada e se investe”.

Pois bem, com a recente notícia bomba, dita pelo próprio presidente interino da Ordem aqui de Goiás, Dr. Sebastião Macalé, a todos os conselheiros, em plena sessão para eleição do mandato tampão em que não obteve êxito, apontou um rombo que chega a treze milhões de reais, número este rapidamente diminuído pelo então tesoureiro da Ordem e candidato vitorioso para comandar a OAB-GO até o final do ano, Dr. Enil Henrique de Souza Filho, que disse que o montante não chegava a sete milhões. Inadmissível!

Ora colegas, seja treze ou seja sete, o valor não deixa de ser milionário, nos fazendo questionar, de imediato, para onde vai o dinheiro que nós advogados pagamos religiosamente a cada ano, não nos olvidando de que nossa anuidade é a mais alta do País!

Podem dizer que o Dr. Sebastião Macalé somente relatou tal fato agora, pois, segundo dizem, foi preterido pelo ex-presidente e atual secretário de governo de Goiás, Dr. Henrique Tibúrcio, para comandar a nossa instituição no mandato tampão, em favor do Dr. Enil que, lembrando, é o tesoureiro da OAB e nunca antes havia falado, para nós advogados, maiores interessados, que a Ordem havia passado de credora a devedora.

Fato é que, por mágoa ou não, o vice-presidente há 5 anos, Dr. Sebastião Macalé, nos revelou uma notícia estarrecedora e que nos faz questionar como estão financeiramente os demais institutos que são geridos pela OAB-GO, principalmente a CASAG, que responde pelo convênio com a UNIMED, livrarias, farmácias, óticas e outros, principalmente, o chamado OAB-PREV, que controla o plano de previdência privada que pagamos à parte, a fim de termos uma melhor aposentadoria.

Assim, entendendo ser uma indagação que todos os advogados goianos querem saber, parafraseando um quadro do programa Fantástico, que tem o nome: “Cadê o dinheiro que tava aqui?”, perguntamos aos atuais dirigentes da OAB-GO: Para onde foi o dinheiro que pagamos de nossas anuidades? Como foi que chegamos a dever um montante tão elevado? Quando tais dívidas passaram a existir?

Bem, como advogado militante há quase 18 anos e também professor universitário já há quase uma década, nunca me filiei acerca de qualquer posição político-partidária da Ordem, ou seja, sobre qual chapa deveria comandar nossa instituição, contudo, vejo que não há mais como deixarmos de efetivamente pregarmos uma MUDANÇA na OAB-GO, pois acendeu a luz vermelha, e chegou a hora de juntos, TODOS OS ADVOGADOS E ADVOGADAS que não concordam com essa má gestão tomarmos um norte diferente, se quisermos que nossa CASA tenha de novo uma administração de qualidade.

*Marcelo Di Rezende é advogado, mestre em Direito pela PUC-GO, professor universitário de graduação e pós-graduação do Curso de Direito na PUC-GOIÁS, ESUP-FGV e CAMBURY. Autor dos livros “A Aplicabilidade das Decisões da Corte Interamericana de Direitos Humanos no Brasil”, “Academia Goiana de Direito” e “Reflexões Sobre o Direito do Início do Século XXI”. Membro da Academia Goiana de Direito, da Academia Goianiense de Letras e da União Brasileira de Escritores, Seção de Goiás.